Nesta segunda-feira, 26, a Unifesspa (Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará), em especial, a Faculdade do Campo (Fecampo), acordou em festa. O curso de licenciatura em Educação do Campo foi avaliado pelo MEC e tirou a nota 5, a máxima atribuída pelo Ministério da Educação.
Vale
lembrar que os cursos com conceito máximo são cursos de excelência, devendo ser
vistos como referência pelos demais. A licenciatura na Unifesspa vem formando,
desde 2009, filhos de agricultores, de lideranças da terra e indígenas para
assumir as escolas do campo e das aldeias, além de ajudar a construir a luta,
não só a educação, mas também a saúde e qualquer outra a que o povo do campo,
das águas e das florestas tenham direito.
Segundo
o diretor da Fecampo, João Pedro Antunes de Paulo, há anos os educadores
aguardavam essa avaliação e resultado. Para Antunes, para além de um
reconhecimento institucional, é um momento de celebração do trabalho singular
desenvolvido pela faculdade e da aproximação da universidade com as demandas
reais dos povos do campo, numa região marcada por conflitos agrários.
“A
nota 5 que recebemos representa a excelência e importância desse trabalho, mas
precisa ser compartilhada com as mais de 200 comunidades de onde provêm nossos
educandos, com os diversos movimentos sociais e povos do campo, das águas e das
florestas, sem os quais esse curso não existiria!”, comemora João Pedro.
Para
ele, não é apenas um curso que foi avaliado, foram décadas de luta por uma
educação popular, diferenciada e de qualidade no campo. “Que esse reconhecimento
seja apenas mais um momento nesse processo de construção de uma universidade
mais próxima de suas gentes. Parabéns aos professores, estudantes, técnicos
administrativos, movimentos sociais e diversas comunidades que fizeram isso
possível”, finaliza.
Para
o professor Francisco Ribeiro da Costa, reitor da Unifesspa, os parabéns vão
para todos e todas que compõem a Fecampo, em especial, o professor João Pedro e
sua equipe, discentes, docentes e TAEs (técnicos e técnicas) e todos os outros
e outras que colaboraram com esta grande conquista, dando suporte ao curso. “A
reitoria continua comprometida em apoiar as iniciativas e construir caminhos
para o crescimento dos cursos e da faculdade”, garante Francisco Ribeiro.
SAIBA
MAIS
A
licenciatura em Educação do Campo foi criada, nacionalmente, em 2007, para
trabalhar na formação de professores da educação básica para atuarem nas
escolas do campo. Na região, o curso nasceu em 2009, ainda no antigo campus
avançado da Universidade Federal do Pará (UFPA) em Marabá. Um documento
realizado por atores sociais foi entregue, presencialmente, ao reitor da UFPA
pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e pela Federação dos
Trabalhadores na Agricultura do Pará (FETAGRI-PA). Na ocasião, o reitor
garantiu que seria implantado o curso de licenciatura em Educação do Campo.
Ele
foi criado para atender uma demanda histórica de negação do acesso à escola,
principalmente de educação básica. A licenciatura busca formar filhos de
agricultores, de lideranças, indígenas para assumir as escolas do campo e,
também, para ajudar a construir a luta pelo direito, não só a educação, mas
também a saúde e outros que esses povos têm solicitado a universidade.
O
processo de seleção é diferente, haja vista que os alunos do campo muitas vezes
terminam o ensino médio em programas como o Educação de Jovens e Adultos (EJA)
ou no Sistema Modular de Ensino (SOME) com ensino personalizado. A primeira
fase é uma redação e a segunda, uma entrevista com avaliação da documentação
que prove o vínculo da pessoa com a comunidade, por se tratar de um curso com
demanda específica de atender esses atores. Essa seleção ocorre anualmente,
depois do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM).
O
curso inicia com disciplinas teóricas e gerais sobre a educação com enfoque na
formação dos professores. Depois, é dividido em quatro ênfases: matemática,
letras e linguagem, ciências humanas e sociais e ciências agrárias e da
natureza. A proposta de ser interdisciplinar tem o objetivo de preparar os
graduandos para atuarem com diversas matérias na educação básica. Pela
abrangência em todas as áreas do conhecimento, a faculdade de educação do campo
tem o maior corpo docente da Unifesspa, totalizando 26 professores.
A
graduação não funciona na modalidade intervalar, é regular e tem duração o ano
inteiro, sendo janeiro e fevereiro, julho e agosto meses de intensivo
presencial. Já de março a junho, setembro a dezembro, meses de estágios de
campo e pesquisas socioeducacionais nas comunidades de origem dos discentes.
Correio
de Carajás
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