LIDERANÇA INDÍGENA DA AMAZÔNIA DIZ QUE É PRECISO AVANÇAR NA
DEMARCAÇÃO DE TERRAS E PROTEÇÃO DOS POVOS
(Angela
Kaxuyana, indígena do povo Kahyana, afirma que esses temas são urgentes para
que não se repita histórias de genocídio. Neste Dia dos Povos Indígenas, a
liderança será uma das homenageadas na sessão aos 35 anos da Coordenação das
Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira, na Câmara dos Deputados.)
(Foto:
Divulgação)
Para
Angela Kaxuyana, liderança indígena da Amazônia, o Dia dos Povos Indígenas,
celebrado nesta sexta-feira (19), representa um momento para reafirmar a
necessidade de cumprir a legislação em dois pontos: demarcação de terras e
proteção dos povos originários.
“As principais urgências para a gente
é a necessidade de avançar de fato a demarcação de terras indígenas e discutir
e apresentar um plano efetivo do Estado para a proteção de povos indígenas
isolados”, defende.
A
indígena do povo Kahyana será uma das homenageadas nesta sexta (19) na Câmara
dos Deputados aos 35 anos da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia
Brasileira (Coiab) - uma das maiores organizações indígena da Amazônia
brasileira.
Angela
já foi coordenadora executiva da Coiab e diz que datas como o Dia dos Povos
Indígenas são datas de lutas, de retomadas e de demarcação.
História
de luta
A
líder indígena relembra que seu povo foi retirado do território tradicional
(localizado na região do rio Cachorro e rio Trombetas) no final da Ditadura
Militar para o parque Indígena do Tumucumaque, no norte do Pará.
“Venho da história de luta no sentido de
estar na defesa sobretudo do território, da retomada do território tradicional
do meu povo. Desde o início dos anos 2000, lidera junto com outras lideranças
pela demarcação da terra indígena Kaxuyana/Kahyana”, afirma.
Angela
Kaxuyana diz que desde então faz parte de organizações indígenas locais,
regionais e nacionais. Em 2017, ela aceitou o convite para compor a coordenação
executiva da Coiab. Naquele ano, o Coiab tinha pela primeira vez uma mulher na
liderança da coordenação.
“Venho desse histórico de luta, enquanto
mulher indígena, enquanto uma liderança feminina que defende o direito
territorial”, enfatiza.
Desafios
Para
a liderança, o Estado brasileiro deve se comprometer com ações efetivas
diariamente para garantir a continuidade e existência dos povos indígenas, e
não somente nesta data.
Um
passo importante para garantir isso, na visão de Angela, está no processo
de demarcação de territórios indígenas e na criação de um plano de proteção
para os povos que vivem isolados.
“É um tema urgente, emergente que é de
responsabilidade da sociedade brasileira para que não se repita as histórias de
genocídio, de massacre ou desaparecimento de um povo“.
Segundo
Angela, é preciso construir políticas públicas que de fato respeitem a
diversidade dos povos indígenas e avançar na efetividade de ações do Estado nos
territórios.
“A gente precisa discutir o avanço do
desmatamento dos territórios no Pará. A gente precisa discutir o avanço do
agronegócio em territórios indígenas. A gente precisa discutir os conflitos
existentes e as invasões dos territórios”, afirma.
Sessão
na Câmara
A
programação em homenagem aos 35 anos da Coordenação das Organizações Indígenas
da Amazônia Brasileira (Coiab) vai reunir lideranças dos nove estados da
Amazônia.
“Receber a notícia de que sou uma das pessoas
que será homenageada na Câmara é uma honra porque a COIAB tem uma história
extremamente importante para o movimento indígena”, diz Angela.
A
comemoração inicia às 10h no plenário Ulysses Guimarães, no palácio do
Congresso Nacional, na Câmara dos Deputados e traz o tema “Pela Autonomia e a
Autodeterminação dos Povos Indígenas da Amazônia Brasileira”.
G1/PA