(Decisão é do ministro Mauro Campbell, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), e vale por seis meses e será analisada pela Corte.)
(Palmas, capital de Tocantins)
A Justiça afastou do cargo o governador do
Tocantins, Wanderlei Barbosa (Republicanos), por seis meses. Ele é alvo de
operação da Polícia Federal nesta quarta-feira (3). A decisão é do ministro
Mauro Campbell, do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e será levada para
análise especial da Corte.
O afastamento tem validade imediata, mas
perde a validade caso a decisão de Campbell seja derrotada na votação da Corte.
O governador afirmo que respeita, mas vê o
afastamento como "medida precipitada" e que determinou auditorias nos
contratos assinados durante a pandemia (veja a íntegra no fim da
reportagem).
A retirada de Wanderlei Barbosa do cargo é
resultado da investigação da PF, que apura desvios de recursos durante a
pandemia de Covid-19 no estado. O prejuízo estimado seria superior a R$ 73
milhões. Barbosa é suspeito de chefiar a organização criminosa,
segundo a PF.
A PF realiza a 2ª fase da Operação Fames-19 com
mais de 200 policiais, que cumprem 51 mandados de busca e apreensão e outras
medidas cautelares em Palmas (TO), Araguaína (TO), Distrito Federal, Paraíba,
Maranhão.
O objetivo da operação realizada nesta quarta
é reunir novos elementos sobre o uso de emendas parlamentares e o recebimento
de vantagens indevidas por agentes públicos e políticos.
Desvio de recursos
A PF apura fraudes em contratos de
fornecimento de cestas básicas e frangos congelados financiados por emendas
parlamentares em 2020 e 2021. Nesse período, os investigados teriam se
aproveitado do estado de emergência em saúde pública e assistência social para
fraudar contratos de fornecimento de cestas básicas.
Os contratos do governo do Tocantins
investigados pela PF e STJ envolvem a compra de pelo menos 1,6 milhão de cestas
básicas durante a pandemia. A suspeita da polícia é de que os contratos, que
chegavam a quase R$ 5 milhões, foram pagos, mas nem todas as cestas foram
entregues à população.
Na época, as compras de alimentos e aluguel
de caminhões que fizeram a distribuição em todo estado foram realizadas sem
licitação, considerando o decreto de emergência estadual.
Os recursos desviados, segundo a PF, teriam
sido ocultados em empreendimentos de luxo, na compra de cabeças de gado e em
despesas pessoais dos envolvidos no esquema criminoso.
Operações da Polícia Federal
Além da operação no Tocantins, a PF realiza
outras quatro operações pelo país nesta quarta-feira contra organizações
criminosas e no combate ao desvio de recursos públicos.
Policiais cumprem mandados nas ruas de oito
estados: Amapá, Minas Gerais, Mato Grosso, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro,
Santa Catarina e São Paulo. Estão em andamento:
·
Operação Zargun, no Rio de Janeiro, para desarticular
braço político e financeiro de organização criminosa. São alvos um
delegado da PF, policiais militares, ex-secretários de estado e o deputado estadual TH Joias. Há 18 mandados
de prisão, 22 de busca e apreensão e sequestro de R$ 40 milhões em bens, além
de afastamento de agentes públicos de seus cargos;
·
Operação Cassandra, em Santa Catarina, São Paulo, Paraná,
Minas Gerais e Mato Grosso, atua contra o tráfico internacional de pessoas em
parceria com a Europol e a polícia da Irlanda. Ao todo, foram cumpridos 30
mandados de busca e apreensão e cinco mandados de prisão (quatro no Brasil
e um na Irlanda);
·
Operação Paroxismo, no Amapá, para combater fraude em
licitação pública para obras no Hospital Geral Municipal de Macapá. O esquema
envolve um contrato de R$ 69,3 milhões. Entre os alvos está o prefeito de Antônio Paulo de Oliveira
Furlan (MDB), o Dr. Furlan;
·
Operação Sintonia Fina, em Pernambuco, contra um grupo
envolvido no tráfico de drogas, de armas, homicídios e lavagem de
dinheiro. São cumpridos 21 prisões preventivas e 31 mandados de busca e
apreensão, além de bloqueio de valores e sequestro de bens.
O que diz o governador Wanderlei Barbosa:
"Recebo
a decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) com respeito às instituições,
mas registro que se trata de medida precipitada, adotada quando as apurações da
Operação Fames-19 ainda estão em andamento, sem conclusão definitiva sobre
qualquer responsabilidade da minha parte. É importante ressaltar que o
pagamento das cestas básicas, objeto da investigação, ocorreu entre 2020 e
2021, ainda na gestão anterior, quando eu exercia o cargo de vice-governador e
não era ordenador de despesa.
Reforço
que, por minha determinação, a Procuradoria-Geral do Estado (PGE) e a
Controladoria-Geral do Estado (CGE) instauraram auditoria sobre os contratos
mencionados e encaminharam integralmente as informações às autoridades
competentes.
Além
dessa providência já em curso, acionarei os meios jurídicos necessários para
reassumir o cargo de Governador do Tocantins, comprovar a legalidade dos meus
atos e enfrentar essa injustiça, assegurando a estabilidade do Estado e a
continuidade dos serviços à população."
Governador
Wanderlei Barbosa (Republicanos)
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