(A segunda sessão de pré-estreia será às 19h30 com a presença do ator e diretor Antonio Pitanga)
(Foto: Maurício Carvalho / Ascom FCP)
O Cine Líbero Luxardo, em Belém, recebeu, na manhã
desta terça-feira (16), uma sessão de pré-estreia do filme “Malês”, dirigido
por Antônio Pitanga. A exibição foi voltada exclusivamente para alunos do curso
de Cinema da Universidade Federal do Pará (UFPA) e contou com a presença do
próprio cineasta, que também protagonizou a obra. Após a exibição, o público
participou de um debate mediado pelo professor e crítico de cinema Marco
Antônio Moreira, proporcionando uma troca rica de reflexões sobre cinema brasileiro,
memória histórica e representatividade.
“Debater o cinema brasileiro é essencial,
especialmente obras como esta, que resgatam histórias muitas vezes esquecidas.
A presença de Pitanga, um ícone do nosso cinema, enriquece ainda mais essa
troca. É um privilégio ter esse contato direto, ainda mais aqui, no Pará, onde
o cinema regional enfrenta tantos desafios. Momentos assim inspiram e
ensinam", destacou Moreira.
Na conversa com os estudantes, Antônio Pitanga
compartilhou detalhes sobre o processo de produção do longa, que levou mais de
30 anos para se concretizar.
"Esse filme retrata o levante mais importante
do século XIX. O filme se passa em 1835, na Bahia, e exigiu um longo período de
pesquisa e preparação. Espero que todos se sintam tocados por essa
história", afirmou Pitanga, que interpreta o Pacífico Licutan, um dos
líderes da Revolta dos Malês — movimento protagonizado por escravizados
muçulmanos que lutaram por liberdade, igualdade e o fim da escravidão.
Entre os presentes, estava o produtor
cinematográfico Rafael Nzinga, diretor da produtora Cine Diáspora. Ele
aproveitou a oportunidades para tirar dúvidas em relação à produção do filme:
"Acompanhei de longe a produção do filme desde
o início e estava muito ansioso para assisti-lo. Tive a oportunidade de
perguntar sobre o desafio de retratar o passado. As respostas de Pitanga sobre
escuta e construção coletiva com o roteirista foram inspiradoras, especialmente
para minha produção atual, que também é de época. Foi uma troca muito
enriquecedora", contou Nzinga.
A sessão também atraiu pesquisadores interessados
nas questões históricas abordadas pelo longa. É o caso de Andréa Melo,
mestranda em Sociologia e Antropologia pela UFPA.
“O filme resgata uma parte importante da história do
povo negro no Brasil, especialmente na Bahia. Como mulher negra e pesquisadora
da história do Ver-o-Peso, aqui em Belém, me senti profundamente tocada. Nossa
história foi apagada por muito tempo. Ver isso sendo contado no cinema é uma
forma de resistência, de aprendizado e de pertencimento. O debate também
impactou minha pesquisa, reforçando a importância de conhecermos a verdadeira
história do nosso país" afirmou a estudante.
Sobre o filme
“Malês” é uma jornada de resistência e coragem
ambientada na Salvador de 1835. A trama acompanha dois jovens muçulmanos que,
durante o casamento, são sequestrados na África e vendidos como escravizados no
Brasil. Separados pelo tráfico negreiro, eles lutam para sobreviver, se
reencontrar e se tornam parte da maior insurreição de escravizados da história
do Brasil: a Revolta dos Malês.
A pré-estreia oficial de “Malês” acontece nesta
terça-feira (16), às 19h, no Cine Líbero Luxardo. O evento é aberto ao público
e os ingressos podem ser comprados na bilheteria do cinema uma hora antes da
exibição. O evento promete ser mais uma oportunidade de reflexão e celebração
do cinema brasileiro comprometido com a memória e a luta por justiça.
Maurício Carvalho/
Ascom FCP
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