A Federação Espírita Umbandista dos Cultos Afros Brasileiros do Estado do Pará (FEUCABEP) acionou a Polícia Civil e o Ministério Público do Pará após o prefeito de Parauapebas, Aurélio Goiano (Avante), fazer declarações consideradas discriminatórias contra religiões de matriz africana.
Uma denúncia foi protocolada pela Federação
junto ao Ministério da Igualdade Racial, à polícia e também à Promotoria de
Justiça de Parauapebas. O g1 procurou os órgãos públicos e aguarda
retorno.
Fala que
incita o ódio e guerra de religiões. Estamos em um país laico e merecemos
respeito. Ele descumpriu a nossa legislação
— mãe de
santo Vitória Baía.
As declarações do prefeito foram feitas
durante uma sessão solene na Câmara Municipal que celebrava o Dia
Municipal do Evangélico, em 11 de junho. Durante o discurso, o prefeito
afirmou:
Até o início da madrugada desta quinta-feira
(19), o prefeito não havia se manifestado sobre o caso. O g1 pediu
posicionamento à prefeitura, mas também não obteve retorno.
Na terça (17) e quarta-feira (18), entidades
religiosas e movimentos civis pediram retratação pública e protestaram na
cidade.
"Vergonhoso
uma pessoa que não entende da nossa religião ir na casa do povo expor suas
vontades, impondo isso para a população afro-religiosa de Parauapebas. Muitos
aplaudiram suas falas. Para mim, quem aplaudiu é conivente com a situação e com
o crime", afirmou ainda a mãe Vitória Baía.
Segundo a Federação Umbadista, há pelo menos
287 casas de axé registradas na região dos Carajás, no sudeste do Pará e onde
fica Parauapebas.
Câmara também pediu retratação
A Câmara Municipal de Parauapebas repúdio às
declarações do chefe do Executivo. Na nota, o Legislativo afirma que as
declarações são “inaceitáveis” e “absolutamente incompatíveis com os deveres
constitucionais atribuídos a qualquer agente público”.
Segundo os vereadores, o conteúdo do
pronunciamento do prefeito carrega “elementos de intolerância religiosa,
desinformação e estigmatização das religiões de matriz africana, que
historicamente sofrem discriminação e marginalização no Brasil”.
A nota ainda destaca que houve uma violação
ao princípio constitucional da laicidade do Estado, e cobra uma manifestação
pública de retratação por parte de Aurélio Goiano, com “ampla divulgação,
dirigida às comunidades impactadas e à sociedade parauapebense”.
A constituição federal e a lei antirracismo
estabelecem que praticar ou induzir o preconceito religioso é crime, com pena
de até três anos de prisão, agravada se for cometida por funcionário público no
exercício do cargo.
G1/PA
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