sexta-feira, 19 de abril de 2024

LIDERANÇA INDÍGENA DA AMAZÔNIA DIZ QUE É PRECISO AVANÇAR NA DEMARCAÇÃO DE TERRAS E PROTEÇÃO DOS POVOS

(Angela Kaxuyana, indígena do povo Kahyana, afirma que esses temas são urgentes para que não se repita histórias de genocídio. Neste Dia dos Povos Indígenas, a liderança será uma das homenageadas na sessão aos 35 anos da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira, na Câmara dos Deputados.)

 

(Foto: Divulgação)

Para Angela Kaxuyana, liderança indígena da Amazônia, o Dia dos Povos Indígenas, celebrado nesta sexta-feira (19), representa um momento para reafirmar a necessidade de cumprir a legislação em dois pontos: demarcação de terras e proteção dos povos originários.

“As principais urgências para a gente é a necessidade de avançar de fato a demarcação de terras indígenas e discutir e apresentar um plano efetivo do Estado para a proteção de povos indígenas isolados”, defende.

A indígena do povo Kahyana será uma das homenageadas nesta sexta (19) na Câmara dos Deputados aos 35 anos da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) - uma das maiores organizações indígena da Amazônia brasileira.

Angela já foi coordenadora executiva da Coiab e diz que datas como o Dia dos Povos Indígenas são datas de lutas, de retomadas e de demarcação.

História de luta

A líder indígena relembra que seu povo foi retirado do território tradicional (localizado na região do rio Cachorro e rio Trombetas) no final da Ditadura Militar para o parque Indígena do Tumucumaque, no norte do Pará.

“Venho da história de luta no sentido de estar na defesa sobretudo do território, da retomada do território tradicional do meu povo. Desde o início dos anos 2000, lidera junto com outras lideranças pela demarcação da terra indígena Kaxuyana/Kahyana”, afirma.

Angela Kaxuyana diz que desde então faz parte de organizações indígenas locais, regionais e nacionais. Em 2017, ela aceitou o convite para compor a coordenação executiva da Coiab. Naquele ano, o Coiab tinha pela primeira vez uma mulher na liderança da coordenação.

“Venho desse histórico de luta, enquanto mulher indígena, enquanto uma liderança feminina que defende o direito territorial”, enfatiza.

Desafios

Para a liderança, o Estado brasileiro deve se comprometer com ações efetivas diariamente para garantir a continuidade e existência dos povos indígenas, e não somente nesta data.

Um passo importante para garantir isso, na visão de Angela, está no processo de demarcação de territórios indígenas e na criação de um plano de proteção para os povos que vivem isolados.

“É um tema urgente, emergente que é de responsabilidade da sociedade brasileira para que não se repita as histórias de genocídio, de massacre ou desaparecimento de um povo“.

Segundo Angela, é preciso construir políticas públicas que de fato respeitem a diversidade dos povos indígenas e avançar na efetividade de ações do Estado nos territórios.

“A gente precisa discutir o avanço do desmatamento dos territórios no Pará. A gente precisa discutir o avanço do agronegócio em territórios indígenas. A gente precisa discutir os conflitos existentes e as invasões dos territórios”, afirma.

Sessão na Câmara

A programação em homenagem aos 35 anos da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) vai reunir lideranças dos nove estados da Amazônia.

“Receber a notícia de que sou uma das pessoas que será homenageada na Câmara é uma honra porque a COIAB tem uma história extremamente importante para o movimento indígena”, diz Angela.

A comemoração inicia às 10h no plenário Ulysses Guimarães, no palácio do Congresso Nacional, na Câmara dos Deputados e traz o tema “Pela Autonomia e a Autodeterminação dos Povos Indígenas da Amazônia Brasileira”.

G1/PA

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