A Universidade do Estado do Pará (Uepa) suspendeu os três alunos de medicina investigados pela Polícia Federal por suspeitas de fraudes no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). O caso teve repercussão nacional.
A
medida cautelar da reitoria da instituição foi divulgada nesta segunda-feira
(4) no Diário Oficial do Estado.
Moisés
Oliveira Assunção, André Rodrigues Ataíde e Eliezio Bastos Ataíde estão
impedidos de acessar o campus da universidade em Marabá, no sudeste do
Pará.
Uepa suspende
estudantes investigados por fraudes no Enem. — Foto: Reprodução / Diário
Oficial do Estado do Pará
Em
nota, a Uepa informou que a suspensão é para garantir melhor transparência das
investigações, até a conclusão do processo disciplinar na universidade.
O
advogado de defesa de André Rodrigues Ataíde alegou que a suspensão é ilegal
porque ainda não houve conclusão do inquérito da PF. As demais defesas ainda
não tinham dado retorno até a última atualização da reportagem.
Jovem
universitário é acusado de fazer provas do Enem no lugar de outras pessoas
De acordo com as investigações, André teria feito a prova do Enem no lugar de Moisés, em 2023, e de Eliésio, em 2022.
A
Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão nas casas dos três
investigados em janeiro.
O
material recolhido pelos policiais federais está sendo analisado e os
investigados também aguardam o resultado de perícias para conclusão do
inquérito.
Ao
Fantástico, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio
Teixeira (Inep) informou que nunca houve situação semelhante em anos de
realização do Enem e que o ocorrido no sudeste do Pará seria um caso isolado.
O
estudante André Ataide, de 23 anos, é o principal alvo da investigação. Ele foi
quem teria realizado as provas no lugar dos outros dois suspeitos.
Segundo
a Polícia Federal, ele teria realizado a prova para
um parente, em 2022; e para um amigo de longa data, em 2023. André teria
falsificado a assinatura ao assinar as provas do Enem.
O jovem
é estudante de medicina da Universidade do Estado Pará (UEPA) no campus de
Marabá, no sudeste do Pará, e está no quinto período do curso. Ele tem bom
histórico escolar de notas.
Segundo
o delegado da Polícia Federal Ezequias Martins, “há informações de que ele
teria recebido algo em torno de R$ 150 mil" para a fraude. Além de ser
investigado pela suspeita de realizar provas do Enem no lugar de outras duas
pessoas em 2022 e 2023, a PF também apura se André poderia ter cometido a mesma
fraude em outros vestibulares ou concursos.
"As
investigações seguem em andamento. Há algumas informações, estamos aferindo
ainda se há indícios, checando para ver se ele realmente realizou outras provas
do Enem no lugar de outros candidatos, bem como outros concursos
públicos", detalhou o delegado.
O
jovem Eliésio Ataide, de 25 anos, é da mesma família de André e foi o
beneficiado com a aprovação em 2022, segundo a Polícia Federal.
Aprovado
após o Enem, que teria sido realizado por André, ele cursa medicina na Uepa e
está indo para o segundo ano de faculdade.
Nas
redes sociais, o estudante afirma que já é formado em Engenharia de Produção
pela mesma instituição.
Moisés
Assunção, também de 25 anos, era estudante de Psicologia na Universidade
Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), teria feito inscrição para o ENEM
em 2023. Em todo Pará, foram 229.181 inscritos no Enem. Moisés escolheu
medicina na UEPA após receber nota alta.
No
entanto, segundo a Polícia Federal, ele trocou mensagens com a então namorada
nas tardes de domingos em que deveria estar realizando a redação e respondendo
as questões do Enem, nos dias 5 e 11 de novembro.
As
investigações apontam que a prova dele teria sido feita por André Ataide, na
cidade de Itupiranga,
também no sudeste do Pará.
Moisés,
inclusive, já está matriculado para o primeiro semestre de medicina na
UEPA, onde aulas estão previstas para iniciar na primeira semana de março de
2024.
Segundo
a Polícia Federal, além da Uepa, a Unifesspa, antiga universidade de Moisés,
forneceram documentos para auxiliar nas investigações.
A
Polícia Federal começou a analisar os alvos há 20 dias, após denúncias
anônimas. André chegou a publicar nas redes sociais que teria feito a prova do
Enem para amigos.
Um
dos suspeitos, aprovado em medicina, no momento de realização da prova do Enem
de 2023, publicou alguns comentários, coincidindo com o mesmo horário do exame.
Os textos
foram compartilhados por ex-namorada de um dos envolvidos, que auxiliou nas
investigações da Polícia Federal.
G1/PA
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