(Elas farão busca coletiva por justiça e igualdade na maior maternidade da região, o Hospital Materno Infantil)
(Foto: Evangelista Rocha)
Marabá
está se mobilizando para uma marcha incisiva em defesa dos direitos femininos
nesta sexta-feira (8), em alusão ao Dia Internacional da Mulher. Na intenção
de, em mais um ano, pontuar a violência obstétrica como um dos maiores
problemas do município, a comunidade feminista da região se une em uma
caminhada que terá início às 8h, com concentração em frente ao INCRA, no núcleo
Cidade Nova, congregando mulheres urbanas e rurais em uma busca coletiva por
justiça e igualdade.
·
Heidiane
Moreno, uma voz ativa e integrante da Articulação Feminista de Marabá, expressa
a verdadeira essência da data: “É preciso falar da importância do dia 8 de
março porque o comércio em si pegou a data para vender flores e bombons, mas
precisamos falar da motivação para instituição dessa data como o Dia
Internacional da Mulher”.
Para
muitas, assim como ela, o dia transcende a mera comemoração, sendo uma data de
luta pelos direitos femininos. Infelizmente, a realidade das mulheres em Marabá
reflete uma série de desafios. A cidade, que apresentou os piores índices de
longevidade, educação e renda para mulheres em 2017, ainda enfrenta uma batalha
constante pela igualdade de gênero.
PAUTAS
A
violência obstétrica, em especial, é um tema recorrente e alarmante. Heidiane
salienta: “É a terceira vez que a gente reafirma tal tema, pois além dos
feminicídios e das violências diárias, isso é o que mais tem matado as
marabaenses”, afirma.
Segundo
dados alarmantes, quase 90% dos casos de violência sexual cometidos no
município estão relacionados a meninas e adolescentes. A falta de políticas
públicas eficazes e recursos adequados agrava ainda mais essa situação.
Apesar
dos desafios, a comunidade feminina de Marabá não se cala. Este ano, a marcha
do 8 de março traz consigo pautas importantes, incluindo o combate a todas as
formas de violência contra as mulheres e a divulgação do serviço 180, reativado
no Brasil, que oferece suporte e acionamento imediato das autoridades em casos
de violência. “As mulheres precisam entender que a gente tem que denunciar ou
então a gente não avança. É preciso denunciar, é preciso avançar”, pontua.
A
sub-representação das mulheres nos espaços de poder é um obstáculo adicional
que precisa ser superado. Apesar dos esforços de alguns órgãos de defesa dos
direitos das mulheres, Marabá carece de projetos estruturados para enfrentar as
desigualdades de gênero.
Neste
8 de março, as ruas de Marabá não serão apenas palco de celebrações, mas de
reivindicações e lutas por uma sociedade mais justa e igualitária para todas as
mulheres, independentemente de sua origem, raça ou orientação sexual. A marcha
é um lembrete poderoso de que a batalha pela igualdade de gênero está longe de
terminar e que a voz das mulheres não será silenciada.
NÚMEROS
Dados
divulgados em 2017 revelaram que Marabá apresentou o menor Índice de
Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) das mulheres entre as cidades
brasileiras consideradas no estudo: 0,657, em comparação com 0,671 dos homens.
Esse levantamento, baseado em dados do Censo Demográfico do IBGE, mostrou uma
disparidade significativa entre os gêneros no acesso à longevidade, educação e
renda.
Para
finalizar, Heidiane afirma que a marcha do 8 de março em Marabá é mais do que
uma simples manifestação. É um chamado à ação, uma convocação para a sociedade
enfrentar as injustiças que afligem as mulheres, especialmente as mais
marginalizadas. É um lembrete de que a luta pela igualdade de gênero é uma
batalha contínua e que, juntas, as mulheres de Marabá estão determinadas a
conquistar um futuro mais justo e igualitário.
(Thays
Araujo/Correio de Carajás)
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