(Previsão
de início foi adiada para 2025 na Universidade Federal do Sul e Sudeste do
Pará. Custo da implantação beira os R$ 17 milhões)
Com
o início de um novo período letivo, a Universidade Federal do Sul e Sudeste do
Pará (Unifesspa) recebe cerca de 1.300 novos estudantes, que preenchem as vagas
ofertadas pelo Sistema de Seleção Unificada (SiSu) 2024, em 40 cursos da
instituição.
Além
disso, 783 vagas remanescentes estão com processo seletivo aberto para
preenchimento. Todo esse fluxo de entrada acontece ainda neste início de ano.
Essas
e outras informações foram detalhadas por Francisco Ribeiro Costa, reitor da
Unifesspa, em entrevista ao Correio de Carajás. Na oportunidade, a reportagem o
questionou sobre a implantação do curso medicina, sua candidatura à próxima
eleição para reitoria e a ampliação da universidade em outros municípios da
região.
NÚMEROS
DO SISU
Os
campi de Marabá, Rondon do Pará, Xinguara, São Félix do Xingu e Santana do
Araguaia ofertaram, juntos, 1.360 vagas para 40 cursos na Unifesspa. No total,
a universidade recebeu 20.931 inscrições.
Não
é novidade que dentre todos, o curso de direito foi o mais concorrido,
recebendo 2.821 inscrições. Ele é seguido por psicologia, com 2.213; pedagogia,
com 1.350; agronomia, com 1.100 e administração, com 814.
VEM
AÍ… O CURSO DE MEDICINA
A
ansiedade pelo curso de medicina da Unifesspa cresce desde junho de 2023,
quando sua instalação foi anunciada durante um evento de comemoração dos 10
anos da universidade. Naquele momento, o reitor Francisco Ribeiro falou à
reportagem que a intenção era iniciar as aulas do curso já em 2024, previsão
que não será concretizada.
Agora,
a reitoria ambiciona que a primeira turma estreie em 2025. E é importante
ressaltar que a universidade não pretende utilizar a nota do Exame Nacional do
Ensino Médio (Enem) para que candidatos ingressem no curso através do SiSu.
Para medicina, será realizado um processo especial.
Mas
até a chegada desse momento, a instituição deve passar por algumas burocracias.
“Nós
vamos levar o ano de 2024 cumprindo a etapa de formalização do curso,
preparando todo o aspecto legal e buscando também apoio financeiro”, ressalta.
Ainda
segundo o reitor, o custo da implantação beira os R$ 17 milhões e pelo menos R$
1 milhão já foi captado através de uma emenda parlamentar.
O
valor deve ser convertido na construção do prédio e aquisição de equipamentos
para a faculdade de medicina. Além disso, para que a instalação aconteça,
também é necessário que sejam liberadas as vagas de professores e técnicos.
“Já
temos parecer positivo da Comissão de Acompanhamento e Monitoramento de Escolas
Médicas (CAMEM), do Ministério da Educação (MEC), porque nossa região é
prioritária para que se criem novos cursos médicos, pois há uma baixa densidade
de profissionais por habitantes”, destaca Ribeiro.
Em
5 de janeiro deste ano, uma reportagem do CORREIO noticiou com exclusividade
que a CAMEM deu o aval para a implantação do curso. Com o “ok” do MEC e do
Ministério da Saúde (MS), a universidade segue com o processo.
E
para garantir que as vagas de medicina – quando forem abertas – sejam
preenchidas por estudantes da região, a Unifesspa vai adotar algumas medidas,
revela Francisco.
“Nosso
objetivo é oferecer vagas regionalizadas. Vamos criar um bônus para estudantes
que se formaram nessa região. Também visamos o benefício para alunos de escola
pública, cotas raciais, aqueles que terminaram o ensino médio na área de
abrangência da Unifesspa”.
EXPANSÃO
No
total, a Unifesspa possui 43 cursos de graduação e, para além do de medicina,
não há previsão de quando essa lista será ampliada.
“Não
temos cursos novos, mas temos propostas. O objetivo é que cada campus fora de
sede tenha pelo menos cinco cursos”, explica Francisco Ribeiro.
O
que mais se aproxima desse número é o de Xinguara (com quatro, mais um do
Parfor), uma vez que São Félix do Xingu, Santana do Araguaia e Rondon do Pará
possuem três, cada um.
O
reitor detalha que entre as discussões internas que antecedem a implantação de
qualquer curso, há uma análise sobre qual é a necessidade daquela região. Como
foi o caso do curso de medicina.
No
que tange à abertura de novos campi, o de Canaã dos Carajás é o que está mais
próximo de se tornar realidade. A estrutura física já existe, o que falta agora
é finalizar as formalidades que correm junto ao MEC, a liberação de vagas de
técnicos e professores e, também, um alinhamento com a prefeitura do município,
que se disponibilizou a arcar com a infraestrutura de serviços durante um
determinado tempo.
Ao
ser questionado sobre uma data para a inauguração do novo polo, Francisco
revela que a previsão é para o primeiro semestre deste ano. “Estou indo para
Brasília no dia 20 agora, tenho uma reunião agendada com a Secretaria de Ensino
Superior, para tratar exatamente disso”, sinaliza.
Para
além disso, a expansão da Unifesspa para outros municípios foi solicitada
formalmente por outros dois: Tailândia e Redenção. Sobre isso, Francisco não dá
maiores detalhes.
ELEIÇÕES
“Eu
sou pré-candidato junto com a professora Lucélia, a reitor e vice-reitora.
Pretendemos fazer nossa inscrição assim que for aberto o período eleitoral e,
ainda, iniciar nossa campanha”, garante Francisco Ribeiro ao ser questionado
pela Reportagem do CORREIO sobre a possibilidade de sua candidatura à
reeleição.
O
reitor pontua que seu legado, desde 2020, sobreviveu a um momento conturbado
vivenciado pelas universidades federais. “Enfrentamos problemas financeiros
muito graves, porque o governo, até então, não via com prioridade as
universidades e nós sobrevivemos a um dos períodos mais difíceis das
universidades federais brasileiras”, recorda.
Fazendo
um comparativo, ele cita que em 2013 o orçamento disponibilizado para as 59
universidades federais era de R$ 9,1 bilhões. Número que caiu pela metade de lá
para cá.
“Hoje
nós somos 69 universidades e o nosso último orçamento aprovado pelo congresso é
R$ 5,9 bilhões. Desde 2020 a gente já perdeu 26% do nosso orçamento. Então,
como é que você vai manter uma universidade que aumenta o número de alunos,
aumenta a área construída, aumenta o número de servidores e você reduz o
orçamento? Essa conta não fecha. Como não fechou o ano passado, nós encerramos
com déficit de R$ 4 milhões”, revela.
Superar
este problema econômico e expandir a Unifesspa são alguns dos dos desafios que
Francisco vislumbra para o futuro da universidade.
Para
isso, é vital o investimento feito a partir do novo PAC (Programa de Aceleração
do Crescimento) da educação, de R$ 234,8 milhões, no período de 2024 a 2027. Os
números foram divulgados pela própria instituição.
O
valor é destinado, sobretudo, para a correção do déficit de infraestrutura
física da Unifesspa, com destaque para o Hospital Universitário Veterinário em
Xinguara; o bloco Multiuso do Instituto de Geociências e Engenharias, o prédio
para o curso de medicina e o bloco para o Instituto de Ciências Humanas, ambos
em Marabá.
O
plano de extensão vai além e contempla a infraestrutura de todos os campi da
instituição, além da aquisição de materiais permanentes, como equipamentos
mobiliários e acervo bibliográfico. Também projeta a renovação e ampliação do
data center da universidade.
(Luciana
Araújo/Correio de Carajás)
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