O
Ministério Público do Estado do Pará (MPPA), por meio da promotora de Justiça
da Execução Penal de Marabá, Daniella Maria dos Santos Dias e a promotora de
Justiça da Pessoa com Deficiência, Lílian Viana Freire, realizaram quatro
projetos sobre o Sistema Prisional no estado do Pará que passaram a estar
disponíveis no Banco de Boas Práticas da Comissão do Sistema Prisional,
Controle Externo da Atividade Policial e Segurança Pública (CSP).
São
eles:
·
“Saúde Mental para Pessoas Privadas de Liberdade”,
“População LGBTQIA+ e o Sistema Prisional”, e “Envelhecimento no cárcere”,
desenvolvidos pelas promotoras Daniella Dias em conjunto com Freire, e
“Ambiente de Trabalho Saudável no Cárcere”, criado por Dias e pela procuradora
do Trabalho Erika Treviso.
Em
novembro do ano passado, as promotoras participaram do Encontro Nacional do
Ministério Público no Sistema Prisional, Controle Externo da Atividade Policial
e Segurança Pública, promovido pelo Conselho Nacional do Ministério Público
(CNMP). No evento, várias práticas se destacaram, sendo premiadas e
reconhecidas nacionalmente. A premiação aconteceu no encerramento do encontro,
com a solenidade de entrega dos troféus e certificados do Banco de Boas
Práticas da CSP.
As
promotoras de Marabá foram premiadas pelos projetos “Saúde mental para
pessoas privadas de liberdade”, “População LGBTQIA+ e o sistema prisional” e o
“Envelhecimento no cárcere”, ações cujo objetivo é proporcionar o
atendimento adequado e respeito aos direitos humanos das Pessoas Privadas de
Liberdade (PPL). Outra prática premiada foi “Ambiente de Trabalho Saudável no
Cárcere”, que pretende criar condições dignas e saudáveis para o trabalho dos
profissionais e equipes técnicas do Sistema Prisional de Marabá.
A
iniciativa “Saúde Mental para Pessoas Privadas de Liberdade” visa a construção
de um plano de trabalho para assegurar o acompanhamento adequado das PPLs com
transtornos mentais que se encontram nos estabelecimentos prisionais de Marabá,
estando fortemente alinhado com o Plano Estratégico do Ministério Público do
Estado do Pará (PEI/MPPA) 2021-2029, que prioriza a proteção e promoção dos
direitos humanos em nossa jurisdição. O público-alvo são as PPL com transtornos
mentais, seus familiares, rede de apoio e os profissionais da Secretaria de
Estado de Administração Penitenciária (SEAP). Seus principais desafios foram a
aplicação da Lei Antimanicomial em harmonia com o Estatuto da Pessoa com
Deficiência e suporte técnico e capacitação aos membros do MP que atuam na
aplicação da lei penal.
O
papel do MPPA nesses casos é atuar de forma proativa, para fazer cumprir as
diretrizes da política antimanicomial e promover a implementação das normas
internacionais de direitos humanos, em particular as relacionadas à convenção
internacional do direito das pessoas com deficiência. A iniciativa em questão é
um exemplo concreto dessa atuação resolutiva, representando um firme
compromisso com a construção de uma sociedade mais inclusiva, justa e
comprometida com os direitos e dignidade de todos.
Já
o projeto “População LGBTQIA+ e o Sistema Prisional” tem como objetivo promover
a observância dos princípios da Política Nacional de Saúde Integral de LGBT e
da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas Privadas de
Liberdade no Sistema Prisional (PNAISP). Ele se destaca por sua abordagem
inclusiva e protetiva da dignidade humana, buscando garantir o respeito aos
direitos fundamentais das pessoas que se encontram em situação de privação de
liberdade. O público-alvo são os detentos LGBTQIA+, familiares e rede de apoio
e os profissionais do Sistema Penitenciário. Os três principais desafios foram:
a proteção contra a violência, discriminação e invisibilização da população
LGBTQIAP+ no cárcere; risco aumentado de tortura, tratamento cruéis, desumanos
e degradantes da população LGBTQIAP+ e assegurar o cumprimento das leis e
regulamentos que estabelecem a necessidade de políticas de saúde.
O
diferencial da iniciativa vem de sua execução, tendo sido posto em prática por
duas Promotorias de Justiça distintas: a Promotoria de Justiça de Execução
Penal e Controle Externo da Atividade Policial e a Promotoria de Direitos
Humanos de Marabá. Essa colaboração promove a integração de diferentes
perspectivas e expertises, resultando em abordagens mais abrangentes e eficazes
para enfrentar os desafios relacionados à população LGBTQIA + no sistema
prisional.
O
“Envelhecimento no cárcere” visa realizar um diagnóstico das pessoas idosas
privadas de liberdade no sistema prisional marabaense, mapear o seu perfil e
viabilizar a eles o direito à saúde, bem como sua qualidade de vida, nos termos
das garantias estabelecidas no Estatuto do Idoso, na Política Nacional de
Atenção Integral à saúde das pessoas privadas de liberdade no sistema prisional
(PNAISP) e demais normas correlatas. O MPPA objetiva atuar estrategicamente
para a promoção dos direitos humanos da população idosa privada de liberdade no
sistema prisional local. O público-alvo são as 22 pessoas idosas e os
servidores das casas penais, tendo como principais desafios: o envelhecimento e
aumento da expectativa de vida das pessoas idosas presas em Marabá; falta de
mapeamento da saúde e qualidade de vida das pessoas idosas no cárcere e falta
de regulamentação quanto ao acolhimento de pessoas idosas presas.
Com
isso, o papel do MPPA é garantir os direitos humanos e inclusão social das
pessoas idosas privadas de liberdade no município, o que é de suma importância
para o avanço do conhecimento sobre o tema e para fornecer subsídios para a formulação
de políticas públicas voltadas a este grupo invisibilizado no cárcere.
Destaca-se que poucos são os trabalhos publicados, ainda que fora do âmbito do
Ministério Público, voltados à garantia de direitos das pessoas idosas no
cárcere.
O
quarto projeto que teve reconhecimento nacional é “Ambiente de Trabalho
Saudável no Cárcere”, que surgiu diante da necessidade de atuação conjunta do
MPPA com o Ministério Público do Trabalho (MPT) para a melhoria das condições
de trabalho nas unidades prisionais de Marabá. Com base em perícias e
avaliações presenciais verificadas em visitas carcerárias, foram constatadas
diversas irregularidades que culminaram na promoção de Ação Civil Pública
contra o Estado e a SEAP a qual já foi julgada reconhecendo a negligência do
Estado ao permitir que os trabalhadores dos presídios se submetessem a
condições de penúria. Atualmente, o cumprimento da sentença vem sendo
fiscalizada pelo MPE e MPT de forma conjunta, gerando desdobramentos para novas
demandas. O público-alvo são os profissionais e os PPLs. Os três principais
desafios nesse caso foram: a invisibilização do profissional penitenciário;
colaboração interinstitucional e Monitoramento Contínuo.
Nele,
o papel do MPPA é resolver problemas complexos relacionados às condições de
trabalho nas unidades prisionais de Marabá. Isso se reflete nos seguintes
pontos: investigação de denúncias; identificação de irregularidades;
colaboração interinstitucional; monitoramento contínuo e foco nos interesses
coletivos.
(MPPA/Portal
Debate)
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