(Foto:
Léo Otero/MPI)
O
desmatamento em áreas protegidas da Amazônia caiu quase quatro vezes (73%) em
2023, na comparação com 2022. Segundo levantamento divulgado pelo Instituto do
Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), em 2023 a devastação em terras
indígenas e unidades de conservação localizadas na região atingiu 386 km².
Trata-se do menor índice desde 2013, quando foram desmatados 178 km².
Em
2022, segundo o Imazon, o desmatamento de áreas protegidas da região chegou a
1.431 km², número bastante próximo aos observados desde 2019, ano em que foi
percebido o início de uma alta que se manteve até 2022.
Foram
1.460 km² de áreas protegidas desmatadas em 2021; 1.369 km² em 2020; e 1.222
km² em 2019. Entre 2012 e 2018, o ano em que se observou maior quantidade de
áreas protegidas devastadas foi 2018 (721 km²).
O
monitoramento é feito com a ajuda de imagens de satélite do Imazon. De acordo
com o instituto de pesquisa, a redução observada nessas áreas em 2023 “superou
a queda geral na derrubada”, que apresentou decréscimo de 62% entre 2022
(10.573 km²) e 2023 (4.030 km²).
O
ano em que o desmatamento acumulado apresentou menor índice foi 2013 (1.144 km²).
Já o período com maiores índices começou em 2019 (6.200 km²). Em 2020 e 2021 o
desmatamento acumulado subiu para 8.058 km² e 10.362 km², respectivamente.
“A
redução expressiva do desmatamento em áreas protegidas é muito positiva, pois
são territórios que precisam ter prioridade nas ações de combate à derrubada.
Isso porque, na maioria das vezes, a devastação dentro de terras indígenas e
unidades de conservação significa invasões ilegais que levam a conflitos com os
povos e comunidades tradicionais que residem nesses territórios”, explica o
coordenador do Programa de Monitoramento da Amazônia do Imazon, Carlos Souza.
O
Imazon, no entanto, alerta que há um ponto preocupante relativo à degradação
observada em 2023: ela pode estar relacionada à seca e às queimadas na região,
uma vez que “no último mês do ano, enquanto foram desmatados 108 km², outros
1.050 km² foram degradados, quase 10 vezes mais”.
Segundo
o pesquisador Carlos Souza, apesar da queda geral, algumas áreas protegidas
tiveram aumento na destruição, motivo pelo qual devem ser foco de ações
urgentes em 2024.
Terras
indígenas
“Entre
as terras indígenas, uma das situações mais críticas ocorreu na Igarapé Lage,
em Rondônia, onde o desmatamento cresceu 300%, passando de 2 km² em 2022 para 8
km² em 2023, uma área equivalente a 800 campos de futebol. Isso fez com que o
território fosse o terceiro mais devastado da Amazônia em 2023”, informou o
instituto.
Outras
duas terras indígenas localizadas na divisa do Amazonas com Roraima também
apresentaram aumentos expressivos na derrubada. No caso, os territórios Waimiri
Atroari, cuja perda florestal passou de 1 km² em 2022 para 4 km² em 2023 (300%
a mais); e Yanomami, onde a devastação passou de 2 km² em 2022 para 5 km² em
2023 (alta de 150%).
“Isso
fez com que a terra Yanomami, mesmo após ter recebido em janeiro do ano passado
uma operação humanitária por causa dos danos sociais causados pela invasão de
garimpeiros, fosse a quinta mais desmatada da Amazônia em 2023. Já a Waimiri
Atroari ficou em nono lugar”, detalha a pesquisa.
A
maior área destruída em um território indígena no ano passado foi registrada na
terra Apyterewa, onde foram desmatados 13 km². “Apesar de ocupar o topo do
ranking, o local teve uma redução de 85% na devastação, pois em 2022 havia
perdido 88 km² de floresta. Em outubro, o local recebeu uma operação de
desintrusão para remoção de invasores ilegais”, destaca o Imazon.
O
total de terras indígenas devastadas em 2023 ficou em 104 km². O número é,
segundo o instituto, menos da metade do registrado em 2022 (217 km²). O ano em
que se observou menor área indígena desmatada foi 2014 (28 km²).
Unidades
de conservação
Já
as unidades de conservação anotaram uma queda de 77%, passando de 1.214 km² em
2022 para 282 km² em 2023. O instituto destaca que esta foi a menor área de
floresta destruída nesses tipos de territórios em nove anos, desde 2014.
“A
maior redução ocorreu nos territórios sob jurisdição federal, onde a derrubada
passou de 468 km² para 97 km², o que significa queda de 79%, quase cinco vezes
menos. Já nas áreas estaduais, a devastação passou de 746 km² para 185 km²,
sendo 75% ou quatro vezes menos”, complementou.
Kleber
Sampaio/Agencia Brasil
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