(Foto:
Pepyaká Krikati)
A
liderança paraense do povo Arapiun, Auricélia Arapiun, representa 14 povos
indígenas na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP 28.
Cumprindo agenda em ao menos três mesas até o dia 9 de dezembro em Dubai,
a coordenadora do Conselho Indígena Tapajós e Arapiuns (CITA) diz que quer
defender rios da Amazônia: “Este é um momento crucial para sermos
ouvidos. Em 2025, teremos a COP 30 em Belém e, por isso, precisamos que
conheçam a nossa realidade, não pela boca dos governantes, mas pelos povos da
floresta",
afirma.
"Meu papel aqui hoje é falar de
uma região no Pará muito impactada com as mudanças climáticas, mas ainda assim,
é esquecida pelo poder público. Isso precisa mudar urgente!”.
Para
Auricélia, as cobranças dos indígenas cercam os grandes empreendimentos,
como hidrelétricas, que podem afetar a vida nos rios, fonte de sobrevivência
para os povos tradicionais. "Nesse momento em que o mundo está falando de
transição energética, nós, os povos indígenas, estamos aqui para compartilhar
nosso conhecimento e experiência de quem sabe proteger a natureza".
"Não basta apenas querer reduzir
combustíveis fósseis, tem que esquecer também as hidrelétricas que matam nossos
rios e alagam nossas casas. A Amazônia não aguenta mais".
As falas fazem referência à usina hidrelétrica de Belo Monte, terceira maior do mundo, inaugurada em 2016, instalada no rio Xingu, em Altamira, sudoeste do Pará. O projeto foi executado com fortes ressalvas da comunidade indígena. Os impactos envolvem a migração forçada de dezenas de milhares de indígenas e povos tradicionais. Ao todo, 50 mil pessoas foram desalojadas pela barragem, aponta a organização sem fins lucrativos, Xingu Vivo.
Outra
cobrança dos povos indígena diz respeito ao anúncio do Governo Federal, dentro
do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 3), prevendo novas centrais
hidrelétricas pelo país. A liderança afirma que, embora o Pará não tenha
entrado na lista, "lamenta que o segmento ainda seja opção para o Brasil".
“Os rios já estão comprometidos por
conta da seca e contaminação de mercúrio, causada pela mineração, então
projetos de escavação para que balsas e navios tenham maior navegabilidade
devem adoecer ainda mais os nossos rios, isso seria a morte deles”, alerta.
Auricélia
demonstrou preocupação diante de uma possível retomada do projeto da usina
hidrelétrica Tapajós, depois que, em maio deste ano, o ex-presidente da
Eletrobras, Aloísio Vasconcelos, apresentou plano para construção de completo
de usinas no rio Tapajós, durante reunião do Conselho Temático de
Infraestrutura (Coinfra) da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
“O rio Tapajós é um rio que banha toda
a região oeste do estado, então o impacto será sem precedentes. Milhares de
comunidades dependem do rio para viver. É transporte, é alimento, é vida. Só
com a seca extrema deste ano, várias aldeias ficaram isoladas sem assistência
médica, com uma hidrelétrica, os transtornos seriam ainda piores”, ressalta.
G1:Santarém/Berokanfm
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