No
último domingo (5), milhares de estudantes brasileiros participaram do primeiro
dia de provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2023. Como nos anos
anteriores, o tema da redação gerou grande repercussão em todo país. Neste ano,
os participantes tiveram que dissertar sobre os “Desafios para o enfrentamento
da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil”.
De
modo geral, a expressão “trabalho de cuidado” se refere a prestação de serviços
à satisfação de necessidades físicas ou psicológicas de terceiros, sejam eles
idosos, crianças, pessoas com deficiência, entre outros.
De
acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) Contínua 2022,
elaborada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no
Brasil as mulheres dedicam praticamente o dobro de horas dos homens aos
afazeres domésticos e cuidados de pessoas. São 21,3 horas semanais contra
apenas 11,7 por parte dos homens.
Segundo
o relatório “Tempo
de cuidar”, publicado em 2020 pela Oxfam Internacional, as mulheres são
responsáveis por mais de 75% de todo o trabalho de cuidado não remunerado do
mundo e frequentemente trabalham menos horas em seus empregos ou têm que
abandoná-los por causa da carga horária com o cuidado.
O
levantamento aponta que, todos os dias, mulheres e meninas ao redor do mundo
dedicam 12,5 bilhões de horas ao trabalho de cuidado não remunerado, o que
corresponde a uma contribuição de pelo menos US$ 10,8 trilhões por ano à
economia global. De acordo com a Oxfam o valor equivaleria a mais de três vezes
o que é gerado pela indústria de tecnologia do mundo.
Ainda
segundo o relatório, em 2050 o Brasil terá cerca de 77 milhões de pessoas
dependentes de cuidado entre idosos e crianças, o que representa pouco mais de
um terço da população estimada.
Leia
também: Vanguarda:
Argentina anuncia reconhecimento do cuidado materno como trabalho
POLÍTICA
Diante
da invisibilidade e falta de apoio ao serviço de cuidado prestado por milhares
de mulheres em todo país, o governo federal pretende lançar, em 2024, uma
Política Nacional de Cuidados.
Para
isso, em março deste ano foi instituído, por decreto, um Grupo de Trabalho
Interministerial (GTI-Cuidados), coordenado pelo Ministério do Desenvolvimento
e Assistência Social (MDS) e pelo Ministério das Mulheres, com participação de
outros 15 ministérios.
Além
disso, em outubro, o governo abriu uma consulta pública para que a sociedade
participe do processo de construção da Política Nacional. As contribuições
podem ser enviadas até o dia 15 de dezembro através da plataforma Participa
Mais Brasil e do formulário
eletrônico disponibilizado na página do MDS.
(*Com
informações da Agência Brasil e Oxfam Internacional/Berokanfm)
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