(Foto: Divulgação)
No
Dia da Consciência Negra, celebrado nesta segunda-feira (20), o Governo do
Pará, por meio da Secretaria de Estado de Educação (Seduc), em uma ação
inédita, garantiu a construção das duas primeiras escolas quilombolas no
território paraense, uma no município de Oriximiná, na região Oeste, e outra em
Salvaterra, no Arquipélago do Marajó.
Também
foi anunciada a criação da Trilha Formativa para Educação Antirracista na rede
pública estadual de ensino. As assinaturas ocorreram no Hangar – Centro de
Convenções e Feiras da Amazônia, em Belém, em ato com a presença do governador
Helder Barbalho e da vice-governadora Hana Ghassan.
“O
governo do Estado inicia a construção de duas escolas estaduais dentro do
quilombo, para os filhos, para os jovens das comunidades quilombolas no Pará.
São as duas primeiras escolas da história do Pará. Serão duas cidades que têm
fortes laços com as raízes africanas, com forte representação das comunidades
quilombolas nestas duas regiões. Certo estou que estas duas primeiras escolas representam
não um ponto de chegada, mas um ponto de partida no desafio de garantir ensino
médio e ensino fundamental dentro do quilombo, com as peculiaridades e o
respeito ao ensino que respeite suas raízes, a memória, as tradições”, destacou
Helder Barbalho.
“Ter
uma escola para a comunidade é muito importante, já que somos 17 comunidades
quilombolas no município de Salvaterra. Esse momento é maravilhoso, já que vem
reconhecer os alunos que estão lá, pois todos nós fazemos parte de uma mesma
comunidade. Eu só tenho a agradecer nesse momento de muito emoção e de alegria
para todos nós”, disse Jaqueline Alcântara, liderança quilombola do município
de Salvaterra.
O
processo de construção das unidades escolares começará pelo diálogo com as
comunidades, para que sejam adotadas as medidas necessárias para concretização
das obras.
“Hoje
é um dia muito importante, 20 de novembro. É um momento que a gente tem para
refletir um pouco sobre a consciência negra. Não podemos esquecer que dentro
dos pressupostos da LDB (Lei de Diretrizes e Bases) e da BNCC (Base Nacional
Comum Curricular), a gente deve dar o desenvolvimento integral de nossos
alunos. Devemos refletir não somente hoje, mas algo que a gente possa construir
de forma coletiva e colaborativa, para que as próximas gerações possam, sim,
ter uma convivência melhor no espaço de harmonia, de bem-estar, e que a gente
possa ter uma sociedade mais justa e igualitária”, reforçou Júlio Meireles,
secretário adjunto de Educação Básica da Seduc.
Trilha
Formativa – A educação antirracista na rede estadual visa combater o
racismo dentro e fora do ambiente escolar, por meio de uma abordagem de ensino
que valoriza a história e reforça a contribuição dos povos africanos e
afro-brasileiros na construção do País. Neste sentindo, foi autorizada a
criação da Trilha Formativa para a Educação Antirracista, que será ofertada
pela Seduc aos seus servidores.
A
iniciativa será desenvolvida em duas etapas: A primeira será alicerçada no
diagnóstico e na formulação de ferramentas de aplicação personalizada à rede de
educação do Pará, visando ao domínio de sua efetividade. A segunda etapa
contará com a formação dos gestores da Secretaria de Educação, e dos demais
servidores. Serão formados o secretário, secretários adjuntos, diretores e
coordenadores que atuam no prédio-sede da Secretaria, além de dirigentes de
Ensino.
Também
participarão da formação os 737 diretores das unidades escolares, 2013 coordenadores
pedagógicos e 17.445 professores de todo o Estado. “Ter a educação antirracista
dentro da escola é importante para combater muitas ações feitas tanto dentro,
como fora da escola. Muitas das vezes acontecem certas situações dentro da
escola que a gente tenta resolver, mas não consegue. Tendo essas ações
antifascistas no ambiente escolar vai melhorar muito a nossa educação, porque
iremos aprender a ter respeito com o próximo”, disse Camile Miranda, aluna da
Escola Lauro Sodré.
Antirracismo –
“A Trilha Formativa da Educação Antirracista é importante para a gente poder
pensar na escola como um lugar de acolhimento, de inclusão. A Trilha diz
exatamente o que diz Angela Davis: não basta não ser racista; é necessário que
sejamos antirracistas. A iniciativa traz exatamente esse mote para dentro da
escola, que a gente consiga incluir nossos alunos, pretos e pardos, dentro do
ambiente escolar, e respeitando a legislação que já existe há 20 anos. E com
isso, trazer a educação antirracista para o debate e tornar isso uma
culminância das ações antirracistas feitas durante todo ano letivo. É um dos
motivos que a gente está trazendo a educação antirracista para o Estado do
Pará”, completou Mário Augusto Almeida, assessor de Convivência Escolar da
Seduc.
Mais
de 200 alunos participaram da programação, entre os quais o estudante Erick
Andrade, da Escola Estadual Jarbas Passarinho. Ele disse ficar feliz com as
ações antirracistas, já em prática na rede estadual. “Esse tipo de iniciativa
faz com que diminuam os atos de racismo que tem nas salas de aula. Já vi vários
exemplos dessa violência. Eu mesmo já fui vítima, e observo que tem gente que
age com naturalidade. Ter uma pessoa que explicasse que o racismo é uma coisa
que dói em outras pessoas é importante para o crescimento de toda a sociedade.
Fico feliz por estarmos avançando com esse discurso dentro das escolas”, frisou
o aluno.
(Agência
Pará/Portal Debate/Berokanfm)
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