Em
operação inédita, 23 servidoras públicas federais resgataram três trabalhadores
que se encontravam em condições degradantes de trabalho, uma das modalidades do
trabalho análogo ao de escravos, no Sítio Serra Verde, em Bom Jardim de Minas
(MG). A operação foi organizada em alusão ao Dia Internacional da Mulher,
comemorado no próximo dia 8.
“A
ação foi exclusivamente feminina. As motoristas das viaturas, toda a composição
da equipe foi feminina”, informou hoje (5), à Agência Brasil, a auditora fiscal
do Trabalho, do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Andréia Donin,
coordenadora da ação. Também participaram da operação a Polícia Federal,
Ministério Público do Trabalho e Defensoria Pública da União.
Segundo
a auditora, as três pessoas estavam em situação de extrema miserabilidade.
“Eles estavam ganhando entre R$ 400 e R$ 500 por mês. Estavam em condições
muito precárias, principalmente em questões de alimentação, moradia. Já
trabalhavam lá há muito tempo”, disse. Quando a equipe chegou ao local, no
horário do almoço, comprovou que os três trabalhadores não tinham carne, só
dispunham de arroz e feijão para comer. E se quisessem comer ovo, tinham que
pagar R$ 1 por ovo à proprietária do sítio. “Eles não tinham ideia do valor do
salário mínimo”. Quando souberam que o mínimo tem valor de R$ 1.302, mostraram
surpresa, porque recebiam R$ 100 por semana.
Andréia
informou que a dona do sítio está respondendo administrativamente ao Ministério
do Trabalho. “Ela vai receber os autos de infração; não fez o pagamento das
verbas rescisórias dos trabalhadores”. Pelo cálculo efetuado pelas servidoras
públicas, só de verbas salariais rescisórias do período trabalhado deu R$ 177
mil. “Como ela não fez o pagamento, a Defensoria Pública da União vai ajuizar
uma ação para cobrança desses valores”.
Acordo
Por
meio de um representante, a proprietária do sítio fez acordo com o Ministério
Público do Trabalho para o pagamento de indenização de R$ 5 mil, para cada
trabalhador, a ser paga em dez parcelas de R$ 500. Ela vai responder
administrativamente.
A
auditora disse que o procurador do Ministério Público Federal que ficar
responsável pelo caso pode também fazer uma queixa-crime contra a dona do
sítio, que estará sujeita, inclusive, à prisão por trabalho análogo à
escravidão. O período de detenção vai variar de acordo com os agravantes.
Ela
disse que “administrativamente, ela já está respondendo por trabalho análogo ao
de escravo, porque foi caracterizada condição degradante de trabalho”. A
proprietária não é repetente na infração. Essa é a primeira situação dela,
informou a auditora.
Dois
dos três trabalhadores são irmãos e trabalhavam no sítio desde 2015, quando
venderam uma casa que possuíam por R$ 12 mil e adquiriram um lote de terra de
200 metros quadrados no Sítio Serra Verde. Como não tinham nenhum documento que
comprovasse a compra e garantisse a posse da terra, decidiram ficar vinculados
ao local, porque tinham muito receio de deixar o sítio, ir trabalhar em outra
propriedade e perder o único bem que tinham, que era aquele lote comprado em
2015 por R$ 12 mil. Foi firmado no termo de ajustamento de conduta um acordo
com a empregadora para regularizar a situação desse lote de terra.
O
terceiro trabalhador, de 74 anos, é aposentado e recebia R$ 100 por semana.
Trabalhava no sítio desde 2008 como caseiro e cuidando do gado.
Fernando
Fraga/Agencia Brasil
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