sábado, 17 de novembro de 2018

PARÁ TEM 542 MÉDICOS CUBANOS QUE ESTÃO PRESTES A SAIR DO PAÍS


(Foto: Divulgação/Sespa)
Nem a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e nem o Ministério da Saúde dimensionaram ainda o real impacto que vai recair sobre a população mais pobre do país após o rompimento do contrato entre o governo de Cuba e do Brasil no Programa Mais Médicos. O governo cubano anunciou o fim da participação de médicos cubanos no programa, que atendia prioritariamente à população em municípios e localidades identificados pelo governo federal com baixo atendimento médico pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
No Pará - estado que inspirou a criação do programa, em 2013 -, 542 médicos atendem à população de localidades mais carentes e longínquas, em 121 cidades, segundo a Secretaria de Saúde (Sespa). São municípios que sempre enfrentaram dificuldade para contratar profissionais da área, por causa das distâncias e complexidades para fazer o atendimento necessário.Em 2013, quando criou o Programa Mais Médicos, o então ministro da Saúde, Alexandre Padilha, disse ao DIÁRIO que os problemas enfrentados pela população da Ilha do Marajó “serviram de inspiração” para acriação do novo programa.
A região é a que apresenta a pior concentração de médico por habitante do país. Os gestores municipais não conseguem manter profissionais de saúde nos municípios, mesmo oferecendo altos salários e boas condições de trabalho, como unidade de saúde equipada, aparelhos paraexames e medicamentos.
Durante muitos anos, as prefeituras locais lutaram para conseguir manter médicos residentes em suas comunidades. Chegaram a oferecer salários altíssimos para profissionais brasileiros, que nunca se interessaram em ir socorrer a população da região. “Estamos passando por uma situação muito difícil, sem saber o que vamos fazer de agora para frente”, revelou o prefeito de Breves, Antônio Augusto.
Os médicos cubanos estão presentes em todas as regiões do Pará, sobretudo nas mais distantes, como nos municípios do Baixo Amazonas. Óbidos, Juruti, Curuá, Alenquer, Monte Alegre, Oriximiná, entre todos os demais dependem exclusivamente do trabalho exercido pelos médicos cubanos que começaram a desembarcar no Pará em 2013.
São também os cubanos que aceitaram morar dentro das reservas indígenas. Hoje eles estão presentes dentro dos quatro principais Distritos Sanitários Indígenas (Disei): Guamá Tocantins (oito profissionais); Altamira (quatro); Tapajós (oito); e Kaiapo do Pará (seis).
Em agosto, ainda em campanha, Bolsonaro declarou que “expulsaria” os médicos cubanos do Brasil com base no exame de revalidação de diploma de médicos formados no exterior, o Revalida. No Brasil, 28 milhões de pessoas serão afetadas
Para a Federação das Associações de Municípios do Estado do Pará (Famep) e o Conselho de Secretarias Municipais de Saúde do Pará (Cosemspa), a saída dos cubanos agravará de forma significativa o acesso e o direito à saúde da população paraense. As entidades também pediram para o novo governo de Jair Bolsonaro rever a decisão.
(Muiza Mello/De Brasília/DOL)

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