O
Ministério Público Federal (MPF) entrou com ação contra a mineradora Vale e o
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(Ibama) por irregularidades e impactos socioambientais causados pela obra de
duplicação da ponte rodoferroviária sobre o Rio Tocantins, em Marabá, no
sudeste do Pará.
Segundo
o MPF, o empreendimento tem afetado gravemente pescadores artesanais e
comunidades ribeirinhas da região, especialmente do núcleo urbano São Félix, em
Marabá. O MPF aponta que não foi realizada a Consulta Prévia, Livre e Informada
(CPLI) a essas populações, um direito garantido pela Convenção nº 169 da
Organização Internacional do Trabalho (OIT), da qual o Brasil é signatário.
Assinada
pela procuradora da República Gabriela Puggi Aguiar, a ação destaca a omissão
do Ibama em exigir a CPLI como condição para o licenciamento ambiental e de
fiscalizar adequadamente os impactos da obra.
Impactos
relatados – O MPF detalha uma série de danos sofridos pelas comunidades
tradicionais locais desde o início da obra. Entre os principais problemas
relatados pelos pescadores e ribeirinhos estão:
· diminuição
do pescado e da renda em 40%, causada pela restrição de acesso a locais de
pesca tradicionais e pelo afugentamento dos peixes devido à operação de balsas;
· dificuldade
de navegação, obrigando os pescadores a buscarem peixe em locais mais
distantes, aumentando custos com combustível;
· contaminação
da água do Rio Tocantins, que é utilizada para consumo, banho e lavagem de
roupas, supostamente por óleo vazado das balsas da obra;
· perda
permanente de pontos de pesca (pesqueiros) tradicionais;
· exclusão
das comunidades ribeirinhas e de vendedores de peixe dos programas de redução
de impactos (mitigação) e monitoramento estabelecidos no licenciamento
O
MPF aponta, ainda, a falta de transparência da Vale, que se negou a fornecer
dados do monitoramento de pesca aos próprios pescadores e a pesquisadores da
Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa). A ação critica
também o programa de monitoramento do conjunto de espécies de peixes da região
(ictiofauna), que, segundo nota técnica da universidade, utiliza metodologia
falha e literatura desatualizada.
Pedidos
à Justiça – Na ação, o MPF pede à Justiça a concessão de uma decisão
urgente que determine:
·
a
imediata suspensão da licença de instalação da obra até que a Consulta Prévia,
Livre e Informada seja realizada com as comunidades afetadas;
·
o
pagamento, pela Vale, de uma verba mensal de caráter alimentar em valor não
inferior a um salário mínimo para cada pescador atingido, como compensação
emergencial e transitória;
·
o
fornecimento imediato, pela Vale, de combustível, gelo, isopores, petrechos de
pesca e novas embarcações para adequar a atividade pesqueira às novas rotas;
·
que
o Ibama exija a correção da avaliação de impactos e fiscalize diretamente a
qualidade da água
Ao
final do processo, o MPF pede que a licença de instalação seja declarada nula e
que a Vale e o Ibama sejam condenados solidariamente a pagar uma indenização
por danos morais coletivos no valor de R$ 100 milhões. A ação visa garantir a
reparação integral dos danos socioambientais e o respeito aos direitos das
comunidades tradicionais afetadas pelo empreendimento.
(Com
informações do MPF)
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