*Jota Neto.
DEMOCRACIA E LIDERANÇA POPUALAR
Diz-se que um País é democrático quando seu povo é organizado. Essa organização vista por uma breve avaliação, É indicada pela quantidade e pela qualidade das instituições governamental, especialmente das organizações da sociedade civil, sendo esta ultima o foco da nossa reflexão. As organizações, notadamente social e popular, surgem na maioria das vezes dentro de um espaço onde o estado não consegue chegar ou pelo menos não define como prioridade dos seus investimentos. Ou ainda onde a prestação de serviços públicos não atende satisfatoriamente as necessidades básicas dos moradores de um determinado bairro, vila ou região. Além disso, existem as instituições representativas de classe ou de categoria profissional, exemplo dos sindicatos e as centrais e federações de trabalhadores Rurais e Urbanos. Existem ainda, as organizações de cooperação, a exemplo das cooperativas específicas ou mistas. O Brasil conta atualmente também com organizações políticas, a exemplo das associações de municípios e os partidos, na maioria dos casos, as organizações surgem como forma de apoio em função de uma necessidade que as pessoas sentem no mutuo ajuda.
As organizações sociais e populares surgem a partir de uma determinada demanda, como forma de apoios ás mobilizações e as lutas em busca de objetivos específicos. Apoiando-se mutuamente as pessoas se fortalecem e coletivamente, buscam as melhorias, as quais esperam que cheguem a uma região, a um grupo ou a um determinado bairro. Além disso, surge também como forma de lutas por ideais, bem como forma alternativa para resolver um problema. Porém, qualquer que seja a demanda, ou linha de trabalho enfocado, independente da vitória ou da derrota, seus integrantes devem ficar unidos. Isso não quer dizer que as organizações ou grupo sejam constituídos por uma única idéia, mas por várias tendências políticas ou religiosas. Essa diversidade de idéias deve ser encarada como forma de enriquecimento do coletivo e não como um problema. Pois a variedade de opiniões faz com que exista respeito mutuo e o amadurecimento das ações que apontará o rumo dos objetivos e das metas a ser definidas pelo coletivo.
A demanda surge em função das propostas individualmente, as quais formarão as linhas de trabalho, bem como, os passos a serem dados na direção apontada em que todos serão co-responsáveis. Implica em que o grupo pense e planeje conjuntamente e define as estratégias de trabalho o que leva obrigatoriamente ao desenvolvimento de um conjunto de atividades que passa a ser denominada de organização. Neste contexto, os companheiros e companheiras passam a serem mais observadores, mais críticos em relação aos seus pares. Essa observação vai levar a conclusão de que alguém ou alguns dentre eles se destaquem pelo empenho, pelo compromisso com a causa, pela agilidade de raciocínio na solução de problemas. Além disso, vão percebendo no decorrer da caminhada que uns poucos conseguem sobrepor aos demais pela capacidade em mobilizar forças tanto dentro do grupo quanto fora dele, bem como, o de mobilização de recursos. Fatores que apontarão as melhores alternativas para solução de problemas, detalhes indicativos que levará o conjunto das pessoas a sentirem-se então organizados, mesmo que informalmente. Sentimento que levará os membros do grupo em questão a serem mais criteriosos quanto a qualidade e a quantidade dos companheiros especialmente no que diz respeito à participação, a hombridade, o zelo e a transparência com o trato tanto das atividades quanto com os bens coletivo. Essa conquista, construída passo a passo aumenta a conscientização e o respeito mútuo. Assim vai forjando a consciência das funções com que fica convencionada a função de liderança.
Essa observação leva a conclusão de que o ser Líder (pode ser também, coordenador, diretor ou presidente) é uma função que surge em virtude de um processo que se forja durante a caminhada do grupo através da efetiva participação. São indicativos de que o verdadeiro líder não é imposto. De fato, o verdadeiro líder não reivindica essa posição, mas se coloca a disposição de uma causa. Assim, reunindo as qualidades e a disponibilidade a pessoa é sugerida a compor uma diretoria, um conselho ou uma coordenação. Visto dessa maneira, percebe-se que é a partir de uma conscientização coletiva que a liderança passa a ser formada levando concomitantemente ao convite formal e consensual da liderança propriamente dita.
A partir de então, surge à necessidade de oficializar as qualidades da pessoa, (homem ou mulher), podendo acontecer através de conversas extra-oficial, mas de maneira franca e objetiva. Depois de já conhecido o grau de aceite, a pessoa ou um pequeno grupo de pessoas é apresentado a um coletivo maior, denominado popularmente de assembléia Geral, na qual acontece a homologação. O que pode acontecer tanto por eleição através da aclamação direta ou pelo voto secreto. A eleição, contudo não pode ser encarada apenas como uma forma de compensação, ou um ato simbólico, mas sim, como uma demonstração de confiança e de responsabilidade, tanto do grupo quanto da pessoa convidada. Uma vez que ao votar o votante estará levando em conta o histórico do candidato. Seja qual for o perfil da organização na qual esteja inserida a pessoa ou o conjunto de pessoas, será este o momento da avaliação, pois os resultados advindo deste gesto tanto podem trazer bons ou maus resultados.
A homologação deve ser vista como uma demonstração do consenso e mais ainda, da mais alta confiança do coletivo. Momento este, em que leva o eleito a fazer uma releitura de suas aptidões tendo em vista sua nova função, uma vez que a partir de então, está em jogo os rumos de um conjunto de ações, que na maioria das vezes requer sua análise e reflexão, isso implica ter maior responsabilidade. Além disso, o recém eleito será conduzido a uma nova postura de vida dentro da sociedade sem, contudo, a de ser o condutor absoluto do coletivo, (eleitores). A nova função jamais estará imbuída de poder total, exclusivo, mister se faz que seja escolhido um subgrupo, que se convencionou chamar de diretoria ou coordenação. Este ou estes, uma vez recebendo a confiança dos companheiros, recebe também, uma serie de responsabilidades dentre elas a de procurar manter o coletivo unido na busca dos objetivos construídos desde o inicio da caminhada. Uma dessas responsabilidades diz respeito entre outras coisas, construir junto, uma agenda de atividades, incluindo o aperfeiçoamento das funções nos mínimos detalhes, escolhendo para isso, instrumentos adequados à qualificação dos envolvidos.
Percebe-se que o papel liderar não é uma atividade de fácil execução. Alguns estudiosos dizem que a liderança é um dom que na maioria das vezes nasce com o individuo, contudo, ninguém é líder por acaso. Vimos que uma liderança surge de um processo às vezes ao longo de anos de caminhada, de participação e de aceite na comunidade, no grupo ou em alguma organização já existente. Um líder passa a ser líder na medida em que se ganha a confiança e o respeito entre os seus pares. Ainda não se tem conhecimento concreto de alguém que tenha exigido para si esta função. O que se observa é que a maioria dos grandes líderes tenha auto-indicado para isso, mas que tenha sido escolhido. A maioria das vezes, essa função tenha iniciado a partir de um convite pelo reconhecimento do respeito e hombridade pelo bom desempenho obtido em suas atividades ou pelo aceite de suas idéias inovadoras que sugere alcançar as conquista almejada pela organização ou grupo do meio em que vive. Um processo que pode levar anos a fio.
Além disso, Liderar requer muito empenho, força de vontade e preparo especialmente no que diz respeito á democracia. Ou seja, o de ser aceito, ser escolhido pelos seus liderados, além disso, ter metas concretas e objetivas, contemplando impreterivelmente as demanda dos seus eleitos. Ademais, o verdadeiro lidere, deve de não só conviver com a diversidade idéias, conviver com adversários, mas extrair coisas positivas e torna-las útil aos liderados. Um Líder que surge por imposição caminha para o absolutismo, para a concentração de poder e do aniquilamento da estrutura liderada. Quer dizer respeitar a pluralidade e ter a capacidade de conquistar forças em torno das demandas coletivas significa abraçar a causa de seus eleitores. Significa que o líder não tome o poder para si. Que seja um poder compartilhado tendo em vista o prosseguimento da caminhada, sem interrupção e desvios dos objetivos da organização ou do grupo, uma vez que a lei natural é a de que um dia esse trabalho poderá ser interrompido, seja por falecimento ou transferência de domicilio do líder. Assim, além do liderar, deve ser também um administrador, isso requer a elaboração de estratégia viável de curto e médio prazo, tendo em mente as seguintes perguntas: em que direção deve caminhar? Onde queremos chegar daqui a 2, 3 ou 10 anos? Aconselha-se incluir no plano de trabalho as discussões com vista a construção do sucessor. Planejar, contudo, não quer dizer que o líder deva sair ditando regras, impondo decisões, mas sim dialogar, orientar e estar presente nos principais momentos da organização, porém, abrindo espaços para que outros se apropriem do processo rumo à sucessão.
Para isso, aconselha-se utilizar dinâmicas atrativas e de forma organizada, criando espaços nos quais as pessoas, homens, mulheres e jovens, sintam-se a vontade para compartilhar a vivencia tanto no grupo quanto de suas experiências pessoais. Oportunizar também, momentos de confraternização, de comemoração das conquistas coletivas ou individuais, além disso, reservar uma agenda para as avaliações das dificuldades de onde sairão sugestões para definir ou reorientar as metas contempladas nos objetivos que motivará o grupo ou a organização rumo a novas conquistas.
As reuniões, assembléias e seminários deverão ser alegres, descontraídos e acolhedor, sem, no entanto, esquecer a pontualidade, especialmente do líder. Pois este é automaticamente o anfitrião do evento, e como tal será visto como modelo e exemplo. Pois da pontualidade do líder dependerá do bom andamento das atividades em discussão, (assembléia, seminário, fórum, oficina, Etc.etc.). Além disso, aconselha-se observar que o conteúdo maior deve ser a valorização dos participantes nos vários aspectos da vivencia coletiva, contudo, tendo vista o seu aperfeiçoamento e a qualificação levando em conta, que o trabalho coletivo deverá estar direcionado á uma busca constante das melhorias das condições de vida.
Qualquer que seja o perfil do grupo ou da organização, é indispensável que o coletivo se reúna pelo menos duas vezes ao ano, uma vez que a comunicabilidade deve sempre atualizada.
Aconselha-se ainda, utilizar metodologia e dinâmica de fácil compreensão, coloquial, clara e de interatividade, incluindo material de fácil visualização, como cartazes, entre outros, o quê vale tanto para um coletivo de 10, 20, 30, 100 ou mais participante, quanto para os pequenos momentos, seja ela uma breve reunião de diretores, de coordenadores ou de conselheiros, importante é que o memento seja valorizado. Aconselha-se também, utilizar uma linguagem sempre positiva. Demonstrar otimismo, confiança nos propósitos e nas boas atitudes coletivas e individuais, deixando clara a importância da participação de todos independentes do grau de intelectualidade, da cor, do sexo ou da ideologia política. Lembrando aos palestrantes e assessorias, evitar o máximo no decorrer das atividades o uso de palavras, frases ou dinâmica que possa influenciar o pessimismo, dentre elas a repetição da “palavra não”, exemplo: “não aceito”, “não deve”. “Não pode etc.etc.etc.”. Inclusive repetir palavras ou frases imperativas que denotem ordem, exemplo: “Tem de ser assim”! “È obrigado...” Especialmente esta última. As palavras imperativas significam dar ordens, impor ou forçar uma ação ou atitude de alguém, no caso, do interlocutor o que foge aos princípios das organizações de classe, associação, cooperativa ou movimento social, pois é sabido que ninguém é obrigado a nada, exceto pela justiça. Entende-se também, que ás organizações sociais e populares deve ser espaço onde seus filiados ou associados tenham voz e vez de manifestar suas idéias, seus anseios e suas esperanças. Pautar pelo exercício da cidadania, liberdade e da promoção dos direitos individuais e coletivos deve ser o papel fundamental das organizações sociais e populares. Deixar claro que ninguém deve se sentir obrigado á nada, que sua participação deve ser encarada como uma forma de contribuição para melhorar tanto a sua própria condição vida quanto a de todos os envolvidos, bem como, o ambiente onde vive, da qual faz parte.
Qualquer liderança seja ela social ou não, que insistir em demonstrar pessimismo, ou negativismo para com os liderados estará fadado ao distanciamento dos objetivos para o qual a organização foi criada. Além disso, corre o risco de ficar estagnado, bem como, o risco de não conseguir sucessores para continuar a caminhada do grupo ou da organização a qual pertence. O que é uma grande perda para a sociedade, pois, sem a participação coletiva nas decisões política e econômica de uma nação, não se pode dizer que existe democracia. Percebe-se que o conceito de liderança tradicional não está mais sendo aplicado. O modelo atual requer uma metodologia na qual não basta ser líder, há de ser também, empreendedor, isto é, com visão de futuro e de sustentabilidade. Quanto maior e melhor for o nível de democracia, maior será o grau de partilha das idéias. Pois a democracia é um processo que se constrói conjuntamente, como uma grande máquina em que a peça maior depende de uma peça minúscula sem a qual a máquina não funciona. Assim, a menor das idéias brotada no conjunto das discussões poderá se tornar em ponto chave de partida para desenvolver gigantescos empreendimentos.
Os grandes empreendedores já perceberam que não basta apenas ter capital para expandir suas grandes empresas, percebem que aqueles que tentam manter um poder centralizador têm maiores dificuldades de se firmarem na globalização de suas atividades. Os grandes barões do capital vão chegando à conclusão de que eles não mais conseguem deter o monopólio das idéias, dos pensamentos e das invenções. Dão conta de que quanto maior for o nível de diálogo dentro dos empreendimentos melhores são os resultados (lucros). Percebem que terão melhores resultados aproveitando a criatividade que surge através da partilhas de funções, mesmo porque apesar de toda tecnologia existente, é impossível se estar fisicamente presente em vários lugares ao mesmo tempo. Além disso, vêem que a criatividade pode vir das menos e das mais variadas funções as quais passam a ser uma das maiores fontes de lucros de qualquer empresa. Ademais, o poder compartilhado, torna se em ferramentas importante para o desenvolvimento seguro e sustentável.
No Brasil, apesar de termos uma das mais avançadas constituição como lei maior, o poder ainda continua sendo centralizador na maioria das regiões e unidades da federação. A maioria dos políticos, principalmente os remanescentes do regime militar, dentre eles, os caciques de alguns partidos políticos tradicionais, monopolizam o poder de tal forma que convertem seus cargos em poder hereditários, apesar de os mesmos se dizerem democráticos. Como resultado pode ver alguns municípios administrados totalmente fora do que deveria ser. Muitos deles, completamente falidos, ou desprovidos das estruturas que deveria oferecer á população. São resultados que estas pessoas que passaram á liderança não pelo aceitamento, mas sim, pela imposição, seja pela força do poder econômico, pelo assistencialismo, pelo paternalismo. São indicativos que usaram justamente o imperativo dizendo: ...eu tenho que ser...!!!! Ou ainda: vou ser, custe o que custar!...
Quem assim procede não está certamente almejando a melhoria do coletivo. Quando alguém propõe levar adiante decisões sem um mínimo de consenso, distancia cada vez mais do processo democrático. Exemplos disso, não faltam. São Empresas falidas. Municípios a beira do colapso. Organizações estagnadas ou desmobilizadas. Sindicatos sem ação, etc. O que nos permite dizer que o desenvolvimento de uma nação, de um estado, de uma região, de um município, depende especialmente do empenho de cada um. E a contribuição de todos resulta em conquistas conjuntas. Uma nação forte depende do desempenho das atividades das organizações, seja ela econômica, social, religiosa ou popular depende num primeiro momento da escolha de seus líderes. Os bons ou mal resultados atinge a todos, porém a escolha, seja boa ou má, diz respeito a cada pessoa, ou seja, particularmente sua.
*O autor.
Educador popular,
Locutor da Radio Comunitária Berokan Fm.
Vice-diretor da Associação Comunitária de Comunicação de Rio Maria.
DEMOCRACIA E LIDERANÇA POPUALAR
Diz-se que um País é democrático quando seu povo é organizado. Essa organização vista por uma breve avaliação, É indicada pela quantidade e pela qualidade das instituições governamental, especialmente das organizações da sociedade civil, sendo esta ultima o foco da nossa reflexão. As organizações, notadamente social e popular, surgem na maioria das vezes dentro de um espaço onde o estado não consegue chegar ou pelo menos não define como prioridade dos seus investimentos. Ou ainda onde a prestação de serviços públicos não atende satisfatoriamente as necessidades básicas dos moradores de um determinado bairro, vila ou região. Além disso, existem as instituições representativas de classe ou de categoria profissional, exemplo dos sindicatos e as centrais e federações de trabalhadores Rurais e Urbanos. Existem ainda, as organizações de cooperação, a exemplo das cooperativas específicas ou mistas. O Brasil conta atualmente também com organizações políticas, a exemplo das associações de municípios e os partidos, na maioria dos casos, as organizações surgem como forma de apoio em função de uma necessidade que as pessoas sentem no mutuo ajuda.
As organizações sociais e populares surgem a partir de uma determinada demanda, como forma de apoios ás mobilizações e as lutas em busca de objetivos específicos. Apoiando-se mutuamente as pessoas se fortalecem e coletivamente, buscam as melhorias, as quais esperam que cheguem a uma região, a um grupo ou a um determinado bairro. Além disso, surge também como forma de lutas por ideais, bem como forma alternativa para resolver um problema. Porém, qualquer que seja a demanda, ou linha de trabalho enfocado, independente da vitória ou da derrota, seus integrantes devem ficar unidos. Isso não quer dizer que as organizações ou grupo sejam constituídos por uma única idéia, mas por várias tendências políticas ou religiosas. Essa diversidade de idéias deve ser encarada como forma de enriquecimento do coletivo e não como um problema. Pois a variedade de opiniões faz com que exista respeito mutuo e o amadurecimento das ações que apontará o rumo dos objetivos e das metas a ser definidas pelo coletivo.
A demanda surge em função das propostas individualmente, as quais formarão as linhas de trabalho, bem como, os passos a serem dados na direção apontada em que todos serão co-responsáveis. Implica em que o grupo pense e planeje conjuntamente e define as estratégias de trabalho o que leva obrigatoriamente ao desenvolvimento de um conjunto de atividades que passa a ser denominada de organização. Neste contexto, os companheiros e companheiras passam a serem mais observadores, mais críticos em relação aos seus pares. Essa observação vai levar a conclusão de que alguém ou alguns dentre eles se destaquem pelo empenho, pelo compromisso com a causa, pela agilidade de raciocínio na solução de problemas. Além disso, vão percebendo no decorrer da caminhada que uns poucos conseguem sobrepor aos demais pela capacidade em mobilizar forças tanto dentro do grupo quanto fora dele, bem como, o de mobilização de recursos. Fatores que apontarão as melhores alternativas para solução de problemas, detalhes indicativos que levará o conjunto das pessoas a sentirem-se então organizados, mesmo que informalmente. Sentimento que levará os membros do grupo em questão a serem mais criteriosos quanto a qualidade e a quantidade dos companheiros especialmente no que diz respeito à participação, a hombridade, o zelo e a transparência com o trato tanto das atividades quanto com os bens coletivo. Essa conquista, construída passo a passo aumenta a conscientização e o respeito mútuo. Assim vai forjando a consciência das funções com que fica convencionada a função de liderança.
Essa observação leva a conclusão de que o ser Líder (pode ser também, coordenador, diretor ou presidente) é uma função que surge em virtude de um processo que se forja durante a caminhada do grupo através da efetiva participação. São indicativos de que o verdadeiro líder não é imposto. De fato, o verdadeiro líder não reivindica essa posição, mas se coloca a disposição de uma causa. Assim, reunindo as qualidades e a disponibilidade a pessoa é sugerida a compor uma diretoria, um conselho ou uma coordenação. Visto dessa maneira, percebe-se que é a partir de uma conscientização coletiva que a liderança passa a ser formada levando concomitantemente ao convite formal e consensual da liderança propriamente dita.
A partir de então, surge à necessidade de oficializar as qualidades da pessoa, (homem ou mulher), podendo acontecer através de conversas extra-oficial, mas de maneira franca e objetiva. Depois de já conhecido o grau de aceite, a pessoa ou um pequeno grupo de pessoas é apresentado a um coletivo maior, denominado popularmente de assembléia Geral, na qual acontece a homologação. O que pode acontecer tanto por eleição através da aclamação direta ou pelo voto secreto. A eleição, contudo não pode ser encarada apenas como uma forma de compensação, ou um ato simbólico, mas sim, como uma demonstração de confiança e de responsabilidade, tanto do grupo quanto da pessoa convidada. Uma vez que ao votar o votante estará levando em conta o histórico do candidato. Seja qual for o perfil da organização na qual esteja inserida a pessoa ou o conjunto de pessoas, será este o momento da avaliação, pois os resultados advindo deste gesto tanto podem trazer bons ou maus resultados.
A homologação deve ser vista como uma demonstração do consenso e mais ainda, da mais alta confiança do coletivo. Momento este, em que leva o eleito a fazer uma releitura de suas aptidões tendo em vista sua nova função, uma vez que a partir de então, está em jogo os rumos de um conjunto de ações, que na maioria das vezes requer sua análise e reflexão, isso implica ter maior responsabilidade. Além disso, o recém eleito será conduzido a uma nova postura de vida dentro da sociedade sem, contudo, a de ser o condutor absoluto do coletivo, (eleitores). A nova função jamais estará imbuída de poder total, exclusivo, mister se faz que seja escolhido um subgrupo, que se convencionou chamar de diretoria ou coordenação. Este ou estes, uma vez recebendo a confiança dos companheiros, recebe também, uma serie de responsabilidades dentre elas a de procurar manter o coletivo unido na busca dos objetivos construídos desde o inicio da caminhada. Uma dessas responsabilidades diz respeito entre outras coisas, construir junto, uma agenda de atividades, incluindo o aperfeiçoamento das funções nos mínimos detalhes, escolhendo para isso, instrumentos adequados à qualificação dos envolvidos.
Percebe-se que o papel liderar não é uma atividade de fácil execução. Alguns estudiosos dizem que a liderança é um dom que na maioria das vezes nasce com o individuo, contudo, ninguém é líder por acaso. Vimos que uma liderança surge de um processo às vezes ao longo de anos de caminhada, de participação e de aceite na comunidade, no grupo ou em alguma organização já existente. Um líder passa a ser líder na medida em que se ganha a confiança e o respeito entre os seus pares. Ainda não se tem conhecimento concreto de alguém que tenha exigido para si esta função. O que se observa é que a maioria dos grandes líderes tenha auto-indicado para isso, mas que tenha sido escolhido. A maioria das vezes, essa função tenha iniciado a partir de um convite pelo reconhecimento do respeito e hombridade pelo bom desempenho obtido em suas atividades ou pelo aceite de suas idéias inovadoras que sugere alcançar as conquista almejada pela organização ou grupo do meio em que vive. Um processo que pode levar anos a fio.
Além disso, Liderar requer muito empenho, força de vontade e preparo especialmente no que diz respeito á democracia. Ou seja, o de ser aceito, ser escolhido pelos seus liderados, além disso, ter metas concretas e objetivas, contemplando impreterivelmente as demanda dos seus eleitos. Ademais, o verdadeiro lidere, deve de não só conviver com a diversidade idéias, conviver com adversários, mas extrair coisas positivas e torna-las útil aos liderados. Um Líder que surge por imposição caminha para o absolutismo, para a concentração de poder e do aniquilamento da estrutura liderada. Quer dizer respeitar a pluralidade e ter a capacidade de conquistar forças em torno das demandas coletivas significa abraçar a causa de seus eleitores. Significa que o líder não tome o poder para si. Que seja um poder compartilhado tendo em vista o prosseguimento da caminhada, sem interrupção e desvios dos objetivos da organização ou do grupo, uma vez que a lei natural é a de que um dia esse trabalho poderá ser interrompido, seja por falecimento ou transferência de domicilio do líder. Assim, além do liderar, deve ser também um administrador, isso requer a elaboração de estratégia viável de curto e médio prazo, tendo em mente as seguintes perguntas: em que direção deve caminhar? Onde queremos chegar daqui a 2, 3 ou 10 anos? Aconselha-se incluir no plano de trabalho as discussões com vista a construção do sucessor. Planejar, contudo, não quer dizer que o líder deva sair ditando regras, impondo decisões, mas sim dialogar, orientar e estar presente nos principais momentos da organização, porém, abrindo espaços para que outros se apropriem do processo rumo à sucessão.
Para isso, aconselha-se utilizar dinâmicas atrativas e de forma organizada, criando espaços nos quais as pessoas, homens, mulheres e jovens, sintam-se a vontade para compartilhar a vivencia tanto no grupo quanto de suas experiências pessoais. Oportunizar também, momentos de confraternização, de comemoração das conquistas coletivas ou individuais, além disso, reservar uma agenda para as avaliações das dificuldades de onde sairão sugestões para definir ou reorientar as metas contempladas nos objetivos que motivará o grupo ou a organização rumo a novas conquistas.
As reuniões, assembléias e seminários deverão ser alegres, descontraídos e acolhedor, sem, no entanto, esquecer a pontualidade, especialmente do líder. Pois este é automaticamente o anfitrião do evento, e como tal será visto como modelo e exemplo. Pois da pontualidade do líder dependerá do bom andamento das atividades em discussão, (assembléia, seminário, fórum, oficina, Etc.etc.). Além disso, aconselha-se observar que o conteúdo maior deve ser a valorização dos participantes nos vários aspectos da vivencia coletiva, contudo, tendo vista o seu aperfeiçoamento e a qualificação levando em conta, que o trabalho coletivo deverá estar direcionado á uma busca constante das melhorias das condições de vida.
Qualquer que seja o perfil do grupo ou da organização, é indispensável que o coletivo se reúna pelo menos duas vezes ao ano, uma vez que a comunicabilidade deve sempre atualizada.
Aconselha-se ainda, utilizar metodologia e dinâmica de fácil compreensão, coloquial, clara e de interatividade, incluindo material de fácil visualização, como cartazes, entre outros, o quê vale tanto para um coletivo de 10, 20, 30, 100 ou mais participante, quanto para os pequenos momentos, seja ela uma breve reunião de diretores, de coordenadores ou de conselheiros, importante é que o memento seja valorizado. Aconselha-se também, utilizar uma linguagem sempre positiva. Demonstrar otimismo, confiança nos propósitos e nas boas atitudes coletivas e individuais, deixando clara a importância da participação de todos independentes do grau de intelectualidade, da cor, do sexo ou da ideologia política. Lembrando aos palestrantes e assessorias, evitar o máximo no decorrer das atividades o uso de palavras, frases ou dinâmica que possa influenciar o pessimismo, dentre elas a repetição da “palavra não”, exemplo: “não aceito”, “não deve”. “Não pode etc.etc.etc.”. Inclusive repetir palavras ou frases imperativas que denotem ordem, exemplo: “Tem de ser assim”! “È obrigado...” Especialmente esta última. As palavras imperativas significam dar ordens, impor ou forçar uma ação ou atitude de alguém, no caso, do interlocutor o que foge aos princípios das organizações de classe, associação, cooperativa ou movimento social, pois é sabido que ninguém é obrigado a nada, exceto pela justiça. Entende-se também, que ás organizações sociais e populares deve ser espaço onde seus filiados ou associados tenham voz e vez de manifestar suas idéias, seus anseios e suas esperanças. Pautar pelo exercício da cidadania, liberdade e da promoção dos direitos individuais e coletivos deve ser o papel fundamental das organizações sociais e populares. Deixar claro que ninguém deve se sentir obrigado á nada, que sua participação deve ser encarada como uma forma de contribuição para melhorar tanto a sua própria condição vida quanto a de todos os envolvidos, bem como, o ambiente onde vive, da qual faz parte.
Qualquer liderança seja ela social ou não, que insistir em demonstrar pessimismo, ou negativismo para com os liderados estará fadado ao distanciamento dos objetivos para o qual a organização foi criada. Além disso, corre o risco de ficar estagnado, bem como, o risco de não conseguir sucessores para continuar a caminhada do grupo ou da organização a qual pertence. O que é uma grande perda para a sociedade, pois, sem a participação coletiva nas decisões política e econômica de uma nação, não se pode dizer que existe democracia. Percebe-se que o conceito de liderança tradicional não está mais sendo aplicado. O modelo atual requer uma metodologia na qual não basta ser líder, há de ser também, empreendedor, isto é, com visão de futuro e de sustentabilidade. Quanto maior e melhor for o nível de democracia, maior será o grau de partilha das idéias. Pois a democracia é um processo que se constrói conjuntamente, como uma grande máquina em que a peça maior depende de uma peça minúscula sem a qual a máquina não funciona. Assim, a menor das idéias brotada no conjunto das discussões poderá se tornar em ponto chave de partida para desenvolver gigantescos empreendimentos.
Os grandes empreendedores já perceberam que não basta apenas ter capital para expandir suas grandes empresas, percebem que aqueles que tentam manter um poder centralizador têm maiores dificuldades de se firmarem na globalização de suas atividades. Os grandes barões do capital vão chegando à conclusão de que eles não mais conseguem deter o monopólio das idéias, dos pensamentos e das invenções. Dão conta de que quanto maior for o nível de diálogo dentro dos empreendimentos melhores são os resultados (lucros). Percebem que terão melhores resultados aproveitando a criatividade que surge através da partilhas de funções, mesmo porque apesar de toda tecnologia existente, é impossível se estar fisicamente presente em vários lugares ao mesmo tempo. Além disso, vêem que a criatividade pode vir das menos e das mais variadas funções as quais passam a ser uma das maiores fontes de lucros de qualquer empresa. Ademais, o poder compartilhado, torna se em ferramentas importante para o desenvolvimento seguro e sustentável.
No Brasil, apesar de termos uma das mais avançadas constituição como lei maior, o poder ainda continua sendo centralizador na maioria das regiões e unidades da federação. A maioria dos políticos, principalmente os remanescentes do regime militar, dentre eles, os caciques de alguns partidos políticos tradicionais, monopolizam o poder de tal forma que convertem seus cargos em poder hereditários, apesar de os mesmos se dizerem democráticos. Como resultado pode ver alguns municípios administrados totalmente fora do que deveria ser. Muitos deles, completamente falidos, ou desprovidos das estruturas que deveria oferecer á população. São resultados que estas pessoas que passaram á liderança não pelo aceitamento, mas sim, pela imposição, seja pela força do poder econômico, pelo assistencialismo, pelo paternalismo. São indicativos que usaram justamente o imperativo dizendo: ...eu tenho que ser...!!!! Ou ainda: vou ser, custe o que custar!...
Quem assim procede não está certamente almejando a melhoria do coletivo. Quando alguém propõe levar adiante decisões sem um mínimo de consenso, distancia cada vez mais do processo democrático. Exemplos disso, não faltam. São Empresas falidas. Municípios a beira do colapso. Organizações estagnadas ou desmobilizadas. Sindicatos sem ação, etc. O que nos permite dizer que o desenvolvimento de uma nação, de um estado, de uma região, de um município, depende especialmente do empenho de cada um. E a contribuição de todos resulta em conquistas conjuntas. Uma nação forte depende do desempenho das atividades das organizações, seja ela econômica, social, religiosa ou popular depende num primeiro momento da escolha de seus líderes. Os bons ou mal resultados atinge a todos, porém a escolha, seja boa ou má, diz respeito a cada pessoa, ou seja, particularmente sua.
*O autor.
Educador popular,
Locutor da Radio Comunitária Berokan Fm.
Vice-diretor da Associação Comunitária de Comunicação de Rio Maria.
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