(MPT, Unifesspa, OAB e outras entidades vão atuar para promover ações intersetoriais e fortalecer as políticas públicas existentes)
O
Ministério Público do Trabalho no Pará e Amapá (MPT PA-AP), por meio da
Procuradoria do Trabalho no Município (PTM) de Marabá, participou do seminário “Combate ao trabalho
escravo nas Regiões Sul e Sudeste”. Realizado no campus da Universidade Federal
do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), o evento reuniu especialistas,
magistrados, representantes de diversas instituições e membros da sociedade
civil para discutir estratégias de enfrentamento a essa grave violação dos
direitos humanos.
A
proposta central do evento foi a formação de um Grupo de Trabalho que atuará na
prevenção, proteção, repressão e produção de conhecimento sobre o tema,
promovendo ações intersetoriais e fortalecendo as políticas públicas
existentes. Na ocasião, o procurador do Trabalho João Lucas Longhi Cechet
realizou palestra sobre os aspectos do trabalho em condições análogas à de
escravo e destacou a atuação do MPT nesses casos.
Ao
final das apresentações e debates, houve a elaboração da Carta de Compromisso.
Nela, as instituições participantes destacaram estratégias e ações a serem
realizadas nas regiões sul e sudeste do Pará no combate ao trabalho em
condições análogas à de escravo. Na elaboração do material, o MPT foi
representado pela procuradora do Trabalho Maria Gabriela Costa Grandi.
A
ocaisão foi uma realização do MPT, Unifesspa, Comissão Pastoral da Terra
(CPT-PA), Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), ONG Sodireitos, Clínica de
Combate ao Trabalho Escravo da UFPA (CCTE) e Tribunal Regional do Trabalho da
8ª Região (TRT8).
O
juiz titular da Vara do Trabalho de Redenção, Otavio Bruno da Silva Ferreira,
destacou que o trabalho escravo segue presente na sociedade, impulsionado por
diversos fatores socioeconômicos, como pobreza extrema, migração forçada e
desigualdade estrutural. Ele explicou os conceitos jurídicos que caracterizam o
trabalho escravo, incluindo condições degradantes, jornadas exaustivas,
trabalho forçado e vigilância ostensiva, elementos que frequentemente tornam os
trabalhadores reféns de situações de exploração.
O
magistrado apresentou o Protocolo para o Julgamento com Perspectiva de Combate
ao Trabalho Escravo, lançado em agosto de 2024 pelo Conselho Superior da
Justiça do Trabalho (CSJT) e pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST). O
documento estabelece diretrizes para magistrados conduzirem processos
trabalhistas com sensibilidade às especificidades do trabalho escravo
contemporâneo.
“Este protocolo apresenta os conceitos
básicos para que todos tenhamos acesso ao que a gente pode reconhecer ou
caracterizar como trabalho escravo contemporâneo,” destacou.
O
juiz enfatizou também a necessidade de uma abordagem processual que evite a
revitimização das vítimas e combata estereótipos e preconceitos. Para isso, o
protocolo orienta sobre boas práticas na recepção da petição inicial,
investigação das condições de vulnerabilidade do trabalhador e condução da
instrução processual.
“O trabalho escravo contemporâneo não é uma
situação que atinge apenas a esfera individual, então não se contentar às vezes
a resolver um processo, mas partir do pressuposto de que transcende o interesse
meramente individual, pois se aquele trabalhador foi resgatado foi escravizado,
mostra que outros estejam na mesma situação”.
Por
fim, Ferreira falou que o protocolo é um orientador que direciona a atividade
naquele sentido de reconhecer que as pessoas não são iguais, que as pessoas são
vulneráveis e outras possuem marcadores que agravam essa vulnerabilidade.
“É imprescindível reconhecer essa situação
para termos um processo que reconheça, que tenha um julgamento substancialmente
justo e não formalmente justo para aquelas pessoas formalmente iguais, quando,
na verdade, sabemos que há uma grande diversidade de pessoas e de situações e
que a pobreza, voltando a falar da pobreza, agrava demasiado essa situação,”
completou.
Zé
Dudu
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